O julgamento do magnata do rap Sean “Diddy” Combs, de 55 anos, continuou a trazer à tona alegações perturbadoras nesta quinta-feira (29/5), no tribunal federal de Manhattan. Uma ex-assistente, falando anonimamente sob o pseudônimo “Mia”, detalhou as condições repulsivas dos quartos de hotel de Combs após suas supostas festas sexuais, conhecidas como “Freak-Offs”, além de relatar abusos e condições de trabalho desumanas.
“Pesadelo” nos hotéis: Cenas de “Freak-Offs” com sangue menstrual e destruição
Mia, que trabalhou para Combs entre 2009 e 2017, descreveu um cenário caótico e insalubre nos aposentos do rapper após os “Freak-Offs”. “Vi muita cera de vela por todos os lados, impossível de remover”, testemunhou. “Havia muitas toalhas molhadas por toda parte. Vi cacos de vidro, água por todo o chão, às vezes sangue. Óleo nos móveis e paredes, e coisas assim.”
Questionada sobre a origem do sangue, a ex-assistente esclareceu que se tratava de “sangue menstrual”. Este detalhe corrobora o testemunho anterior da ex-namorada de Combs, Casandra “Cassie” Ventura, de 38 anos, que afirmou ter sido coagida por ele a manter relações sexuais com acompanhantes durante os “Freak-Offs”, mesmo estando menstruada. Combs supostamente se considerava um voyeur, sentindo prazer ao observar atos sexuais alheios. Mia acrescentou que Combs exigia que ela “varresse” o quarto antes da chegada das camareiras, para evitar que fotos fossem tiradas e vazadas para sites de fofoca como o TMZ.
Abusos e condições de trabalho desumanas sob o comando de Combs
Além das cenas nos hotéis, Mia relatou ter vivenciado condições de trabalho aterrorizantes durante seu período na Bad Boy Records e na Revolt Films, empresas de Combs. Ela alegou ter trabalhado por cinco dias consecutivos, pois o rapper de “Bad Boy for Life” supostamente não permitia seu descanso, e que dependia da receita de Adderall de Combs para se manter acordada.
Essa rotina exaustiva, segundo ela, levou a um “colapso físico”. “Meu equilíbrio estava desequilibrado… visão turva, luzes que não estavam lá e, do nada, comecei a chorar histericamente e não conseguia parar de chorar”, relembrou. Em outro episódio chocante, Mia testemunhou que Combs a impediu de trocar seu absorvente interno enquanto trabalhava, forçando-a a sair com ele. “Ele fez um discurso realmente humilhante na frente de todos”, afirmou. “Havia sangue escorrendo pela minha perna e eu disse: ‘Estou menstruada. Só preciso trocar o absorvente interno.'” A ex-assistente também mencionou ocasiões em que Combs teria jogado uma tigela de espaguete em sua direção e um laptop em sua cabeça porque o Wi-Fi não estava funcionando.
Alegações de assédio e estupro: O medo de um “rei poderoso”
As acusações de Mia se estenderam a agressões sexuais. Ela relatou diversas ocasiões, incluindo um episódio quando tinha vinte e poucos anos, em que Combs a beijou e colocou “a outra mão na lateral do vestido dela”. “Ele era meu chefe. Era uma pessoa muito poderosa”, disse ela, descrevendo-o como “o chefe ou o rei”.
Mia também relembrou ter acordado uma vez com Combs em cima dela – ele supostamente a proibia de fechar a porta de seu quarto na casa dele – e alegou ter sido estuprada na cama. Ela justificou não ter pedido demissão após os supostos abusos por temer que Combs “arruinasse” seu futuro e “distorcesse a história para fazê-la parecer uma ameaça”.
Violência contra Cassie Ventura e o coro de ex-funcionários
O testemunho de Mia também incluiu relatos de violência de Combs contra Cassie Ventura, chegando a afirmar que temeu que o rapper fosse “matar” a cantora. Suas declarações se somam a outros depoimentos de ex-funcionários. George Kaplan, outro ex-assistente, testemunhou sobre ajudar a preparar quartos para os “Freak-Offs” e buscar drogas para Combs. Capricórnio Clark, que trabalhou por muitos anos para o magnata, depôs na terça-feira sobre ameaças de morte e um suposto sequestro para forçá-la a invadir a casa de Kid Cudi.
As acusações federais e o futuro de Diddy
Sean Combs enfrenta acusações federais de extorsão, com alegações de que usava suas empresas para atividades ilegais, além de tráfico sexual e transporte para fins de prostituição. O rapper de “All About the Benjamins” negou todas as irregularidades e se declarou inocente. Se condenado, ele pode pegar prisão perpétua. O depoimento de Mia adiciona mais peso às graves acusações que pairam sobre o antes intocável império de Diddy.