Começa julgamento de Diddy por tráfico sexual: o caso mais grave de sua carreira
O magnata do hip-hop Sean “Diddy” Combs enfrentará nesta segunda-feira (5) um julgamento histórico em Nova York. Acusado de tráfico sexual, extorsão e conspiração violenta, o artista e empresário de 55 anos está no centro de um caso que poderá redefinir os limites entre fama, poder e responsabilização legal nos Estados Unidos.
A seleção do júri está programada para iniciar pela manhã e pode levar vários dias. As declarações iniciais e os primeiros depoimentos são esperados para a próxima semana. O julgamento pode durar até oito semanas.
Uma acusação digna de máfia
A denúncia de 17 páginas apresentada pelos promotores descreve Combs como líder de um verdadeiro esquema criminoso, reminiscentes de acusações feitas contra chefes de máfia. O documento alega que Combs, com o apoio de funcionários de sua rede de negócios e membros de sua comitiva pessoal, manteve um padrão de comportamento abusivo durante mais de 20 anos.
Segundo a acusação, mulheres eram manipuladas com promessas de sucesso profissional para participarem de encontros sexuais alimentados por drogas, conhecidos como “Freak Offs”. Aqueles que resistiam, segundo os promotores, enfrentavam ameaças, agressões físicas, sequestros e até incêndios criminosos.
Em um dos episódios mais chocantes, Combs teria supostamente pendurado uma pessoa em uma sacada. Ele e seus advogados negam todas as acusações, afirmando que qualquer atividade sexual foi consensual e que não havia coerção ou estrutura criminosa envolvida.
Cassie, o vídeo de 2016 e o impacto público
A cantora de R&B Cassie (Casandra Ventura), ex-namorada de Combs, é uma figura-chave no caso. Em 2016, uma câmera de segurança registrou Combs agredindo Cassie em um hotel de Los Angeles — vídeo que agora circula amplamente nas redes sociais. Ela entrou com um processo em 2023, acusando Combs de anos de violência, estupro e controle abusivo. O processo foi resolvido rapidamente fora dos tribunais, mas as alegações permanecem centrais na ação criminal atual.
O advogado de Combs, Marc Agnifilo, reconheceu episódios de uso de drogas e relacionamentos tóxicos, mas insiste que toda relação sexual envolveu consentimento.
Um histórico de violência e impunidade
Este não é o primeiro confronto de Diddy com a justiça. Em 1999, ele se declarou culpado de uma acusação menor após invadir o escritório de um executivo musical e agredi-lo. No mesmo ano, foi envolvido em um tiroteio com sua então namorada, Jennifer Lopez, mas acabou absolvido. Já em 2015, foi acusado de agredir alguém com um kettlebell em uma universidade — o caso foi arquivado.
No entanto, as acusações atuais representam um novo patamar. Se condenado, Combs pode pegar penas que se estendem por décadas. Para muitos, este julgamento simboliza uma nova fase da responsabilização criminal de figuras poderosas da indústria do entretenimento.
