Mais de uma década depois, a longa e controversa introdução de Assassin’s Creed 3 ainda é um dos tópicos mais debatidos da franquia. Agora, o diretor criativo do jogo, Alex Hutchinson, refletiu sobre a decisão e, embora admita que ela é “longa demais”, ele defende o motivo pelo qual ela foi criada: resolver um dos maiores problemas narrativos dos videogames.
Para quem não se lembra (ou para quem pulou), Assassin’s Creed 3 tem um começo que dura horas, onde o jogador controla o britânico Haytham Kenway. A reviravolta é que Haytham não é o herói, mas sim um Templário e o pai (e futuro vilão) do verdadeiro protagonista, Connor, que só assumimos muito mais tarde.
O problema do “vilão que você não se importa”
Em uma entrevista ao podcast FRVR, Hutchinson explicou que a longa introdução foi uma tentativa deliberada de criar uma surpresa e fazer o jogador se importar genuinamente com o antagonista.
“É difícil em franquias (…) ter qualquer surpresa ou frescor, e nós queríamos isso”, disse Hutchinson. “Nos videogames, você é sempre ensinado que tem que conquistar esse vilão, mas você realmente não se importa com o vilão, porque você nunca o conheceu, e esse vilão nunca fez nada para você.”
A solução encontrada por ele foi fazer o jogador gostar do vilão primeiro. Ao passar horas na pele de Haytham, o jogador cria um laço com ele antes da grande revelação de que ele é o inimigo.
Por que a introdução ficou “longa demais”?
Apesar de defender o conceito, Hutchinson admite que a execução saiu do controle. O principal problema? O desenvolvimento de jogos. Segundo ele, a equipe só percebeu o quão longa a introdução havia se tornado nos “últimos dois meses” de produção.
“É longa demais”, ele concorda. “Aí ela fica mais longa porque se torna a seção de tutorial, onde também estamos ensinando a você [as mecânicas].” Ele explica que, como as mecicas demoram a ficar prontas, elas são inseridas nessa parte inicial, “inflando” a duração.
“Se fôssemos fazer de novo”, refletiu o diretor, “nós provavelmente teríamos enxugado um pouco o começo.”
Alex Hutchinson, que depois dirigiu Far Cry 4 antes de fundar seu próprio estúdio independente (responsável por Savage Planet), é conhecido por sua franqueza. Ele também já revelou no passado que a trilogia Assassin’s Creed original deveria ter terminado com o terceiro jogo, antes que a Ubisoft percebesse o potencial financeiro da franquia.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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