Johan Pilestedt e o debate sobre DEI nos videogames

Johan Pilestedt, diretor criativo de Helldivers 2, provocou um intenso debate na comunidade gamer com seus comentários sobre a incorporação de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) nos jogos. Em resposta a um fã no X, que sugeriu evitar a inclusão de DEI no título, Pilestedt não hesitou em afirmar sua visão sobre o tema.

“Se não acrescenta à experiência do jogo, prejudica”, disse Pilestedt. Para ele, os jogos devem ser uma busca pura por momentos inesquecíveis e a experiência do jogador deve vir em primeiro lugar, sem ser prejudicada por agendas políticas ou sociais. Ele fez questão de enfatizar que a imersão e a diversão dos jogadores são as prioridades no design de jogos, em vez de seguir uma linha ideológica ou adaptar-se às pressões externas.

A filosofia criativa de Pilestedt

A filosofia de Pilestedt é clara: ele rejeita rótulos como DEI, preferindo que temas sociais e políticos sejam integrados de forma orgânica à narrativa, sem forçar uma agenda contemporânea. Em relação a Helldivers 2, ele não descartou que aspectos de diversidade possam aparecer, mas afirmou que a verdadeira motivação deve ser criar bons jogos, não fazer declarações políticas.

“Não gosto de rótulos”, disse Pilestedt ao expandir sua visão sobre a narrativa do jogo. “A humanidade está unida em sua extrema xenofobia na Super Terra. #Inclusão, então, talvez isso seja DEI? Eu realmente não me importo. Faça bons jogos, não faça uma declaração política contemporânea.” Essa abordagem gerou reações mistas, com alguns jogadores apoiando sua ênfase na jogabilidade e outros destacando a importância de uma representação mais inclusiva na mídia.

A reação da comunidade gamer e o crescimento da resistência

As declarações de Pilestedt refletem uma resistência crescente de parte da comunidade gamer a conteúdos políticos explícitos nos jogos. Mark Kern, veterano da indústria e criador de World of Warcraft, comentou sobre o movimento crescente de jogadores contra o que ele chama de “propaganda política” nos jogos. Ele elogiou a comunidade gamer por resistir à introdução de questões políticas que, segundo ele, prejudicam a diversão e a imersão.

“A resistência está ganhando força”, afirmou Kern. “Continuaremos a lutar contra a propaganda política que arruína os jogos”, completou, destacando que a janela de Overton — termo que descreve os limites do discurso público aceitável — está mudando, com cada vez mais jogadores se posicionando contra a inserção de temas políticos no entretenimento.

Helldivers 2: polêmica e controvérsias

O lançamento de Helldivers 2 em 2024 gerou controvérsias sobre como o jogo abordaria temas políticos e sociais. Durante os primeiros meses após o lançamento, houve um clamor por parte de parte do público pedindo a inclusão de itens cosméticos com bandeiras ideológicas, um pedido que foi amplamente rejeitado por muitos, gerando debates acalorados nas redes sociais.

Além disso, o jogo também se envolveu em polêmicas com a comunidade, quando jogadores foram banidos do servidor Discord por utilizarem emojis de vômito em momentos considerados inadequados pela gerência de comunidade. A gerente de comunidade de Helldivers 2, Katherine Baskin, foi a responsável por declarar que o jogo estava “bem woke” e que baniria jogadores considerados “intolerantes”. Esses eventos geraram discussões sobre o equilíbrio entre a liberdade de expressão dos jogadores e as diretrizes de conduta estabelecidas pelos desenvolvedores.

O propósito dos videogames: entre diversão e discurso político

O debate sobre DEI nos jogos vai além das opiniões de Pilestedt e Kern. A questão central gira em torno do propósito dos videogames: devem eles servir como plataformas para debates sociais e políticos, ou como experiências imersivas e escapistas que ofereçam aos jogadores uma fuga da realidade?

Para muitos jogadores e desenvolvedores, a prioridade é a criação de experiências que priorizem a qualidade da jogabilidade e a narrativa criativa, sem ser moldadas por pressões externas. Em contraste, defensores da inclusão e da diversidade argumentam que a representação nos jogos é essencial para refletir a sociedade moderna e criar um ambiente mais acolhedor para todos os públicos.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

Mais posts deste autor