O diretor Jon Watts, responsável pela trilogia de sucesso do Homem-Aranha estrelada por Tom Holland, quebrou o silêncio sobre sua surpreendente saída do comando do novo filme do Quarteto Fantástico, da Marvel. Durante uma masterclass no Festival de Cinema do Mediterrâneo, em Malta, na última quinta-feira (26), o cineasta revelou que a decisão foi motivada pela exaustão física e emocional após as filmagens de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa em meio à pandemia de Covid-19.

“Eu estava sem gás”, confessou Watts, em seus primeiros comentários públicos sobre o assunto. Ele explicou que o processo de produção do terceiro filme do Homem-Aranha foi extremamente desgastante. “A tensão emocional de ter que passar por todos aqueles protocolos da COVID enquanto tentava fazer algo criativo e garantir que o elenco e a equipe estivessem seguros — literalmente, pessoas poderiam ter morrido se você fizesse algo errado”, detalhou.

O peso da pandemia e a difícil decisão

Watts explicou que, quando chegou a hora de focar no Quarteto Fantástico, projeto com o qual já havia se comprometido, ele percebeu que não teria a energia necessária para entregar um trabalho de qualidade. “A camada da COVID, somada à camada de fazer um filme gigante, me fez saber que não tinha o necessário para tornar aquele filme ótimo. Eu estava simplesmente sem fôlego, então precisava de um tempo para me recuperar”, disse.

O diretor fez questão de afirmar que a decisão foi bem recebida pela Marvel. “Todos na Marvel entenderam perfeitamente. Eles também passaram por isso comigo, então sabiam o quão difícil e exaustiva aquela experiência foi”. Ele também se mostrou animado para ver a versão do filme dirigida por Matt Shakman, que estreia em julho. “Será uma experiência totalmente surreal para mim assistir a esse filme”, admitiu. Após deixar o projeto, Watts dirigiu Wolfs, da Apple, com George Clooney e Brad Pitt.

O futuro em ‘Star Wars’ e o sucesso em ‘Premonição’

Depois de sua bem-sucedida passagem pela Marvel, Watts se aventurou em outra galáxia, a de Star Wars, como um dos criadores da série A Equipe do Esqueleto. Questionado sobre um possível retorno, ele foi cauteloso, mas não fechou as portas. “Eu amo Star Wars. Adoraria fazer mais Star Wars, e não posso dizer mais nada. Eu sempre me meto em encrenca nessas entrevistas”, brincou.

O diretor também comentou seu envolvimento como produtor e roteirista no sucesso de terror (fictício) Premonição: Bloodlines. Fã declarado da franquia, ele contou que foi procurado para dar ideias e acabou apresentando um esboço para a história. “Onde quer que eu esteja, estou procurando novos cenários para Premonição“, divertiu-se.

Visão sobre IA e os bastidores de Hollywood

Sobre o uso de inteligência artificial no cinema, Watts adotou uma postura cautelosa. “Pessoalmente, não brinco com isso. Gosto dos seres humanos com quem trabalho e não estou interessado em substituir nenhum deles”, afirmou, defendendo que o debate sobre IA é complexo e não deve ser simplificado.

Surpreendentemente, ele também desmistificou a ideia de que Hollywood é uma “máquina” que esmaga a criatividade dos diretores. “Nunca tive essa experiência. […] Minha experiência tem sido como um lugar criativo realmente acolhedor, onde as pessoas buscam o diretor para guiar o projeto”, concluiu, oferecendo uma visão positiva sobre os bastidores da indústria.

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