Em um raro ato de autocrítica e transparência na indústria de games, o diretor de “Stellar Blade”, Kim Hyung-tae, admitiu que a narrativa de seu aclamado jogo de ação não atingiu o nível que ele desejava. Em uma nova entrevista, o diretor do estúdio sul-coreano Shift Up concordou com as críticas de que a história era um ponto fraco e explicou que o alto custo de produção forçou a equipe a fazer cortes significativos no conteúdo narrativo.
“É verdade que a história é fraca”
Durante uma conversa com o site de games coreano This Is Game, o diretor foi questionado sobre a “opinião de que a avaliação da narrativa de Stellar Blade foi um pouco decepcionante”. A resposta de Kim Hyung-tae foi surpreendentemente direta.
“Acho que é verdade que a história é fraca”, confessou. Ele explicou que, embora o sistema de combate do jogo tenha sido finalizado cedo no desenvolvimento, a parte narrativa, especialmente as cutscenes (cenas cinematográficas), apresentou o maior desafio. “Em jogos de ação que utilizam narrativa, as cutscenes desempenham um papel muito importante […] tivemos que conduzir a narrativa por cutscenes e, a princípio, queríamos criar muitos cenários e cutscenes.”
No entanto, a realidade da produção se impôs. “O custo de criar cutscenes ficou muito alto, e tivemos que inevitavelmente reduzir as cutscenes que complementavam a visão de mundo ou a narrativa dos personagens, exceto a trama principal, por questões de eficiência”, revelou.
O sucesso apesar da narrativa
A admissão de Hyung-tae ocorre em um momento de grande sucesso para “Stellar Blade”. Lançado originalmente como um exclusivo de PlayStation 5 em abril de 2024, o jogo foi elogiado por seu combate ágil e seus visuais impressionantes. Recentemente, sua chegada ao PC foi um fenômeno, tornando-se o maior lançamento de um jogo single-player da PlayStation na história da Steam, com mais de 100.000 jogadores simultâneos.
A crítica sobre a história superficial, no entanto, foi um ponto consistente na maioria das análises. Muitos sentiram que o mundo e os personagens tinham um grande potencial que não foi totalmente explorado na narrativa principal, algo que o diretor agora confirma ter sido uma consequência de cortes orçamentários.
A promessa de uma narrativa mais rica no futuro
Apesar de reconhecer a falha, Kim Hyung-tae olha para o futuro com otimismo e ambição. A Shift Up já confirmou que planeja uma sequência para “Stellar Blade”, e o diretor promete que a experiência adquirida no primeiro jogo será fundamental para corrigir as deficiências narrativas.
“Se eu tiver a oportunidade de fazer o próximo trabalho, acho que serei capaz de apresentá-lo com uma narrativa rica o suficiente naquele momento”, concluiu. A honestidade do diretor foi elogiada pela comunidade, que agora aguarda com grande expectativa por uma sequência que possa unir o combate espetacular do primeiro jogo com a profundidade de história que seu universo merece.