Diretor de Twisters barrou militância climática no enredo do filme

Twisters, com suas críticas positivas e sucesso nas bilheterias, demonstra que é possível criar um filme emocionante sobre desastres naturais
Diretor de Twisters barrou militância climática no enredo do filme Diretor de Twisters barrou militância climática no enredo do filme
Cena de Twisters - Foto: Warner Bros.

“Twisters” conquista críticas positivas, mas evita discussão sobre mudanças climáticas

A sequência de perseguição de tempestades, Twisters, está acumulando críticas positivas e mantendo uma sólida classificação de 84% de “Fresh” no Rotten Tomatoes. O filme, que narra um surto sem precedentes de tempestades violentas no coração dos Estados Unidos, tem sido um destaque no verão cinematográfico, especialmente para o ator Glen Powell.

Twisters mergulha os espectadores em um cenário de tempestades devastadoras, com personagens que falam fluentemente o jargão meteorológico. No entanto, o filme surpreendentemente não aborda as alterações climáticas, um tema relevante e amplamente discutido nos dias de hoje.

A ausência de referências às mudanças climáticas

Dado o impacto das mudanças climáticas nos padrões meteorológicos, a ausência desse tópico no filme é notável. Os cientistas concordam que os padrões dos tornados estão mudando, com mais tornados ocorrendo nos mesmos dias e fora do tradicional “Beco dos Tornados”, embora o número geral de tornados permaneça inalterado. A Cruz Vermelha Americana destacou recentemente que a crise climática está forçando a organização a responder a quase o dobro de grandes desastres do que há uma década.

Portanto, a falta de uma menção às mudanças climáticas em um filme de 2024 sobre um surto de tornados pode parecer uma oportunidade perdida para muitos. Uma simples referência, como um personagem mencionando um estudo real sobre o aumento da frequência de tempestades de supercélulas devido ao aquecimento global, poderia ter acrescentado um peso científico ao enredo.

A Perspectiva do Diretor Lee Isaac Chung

O diretor Lee Isaac Chung explicou sua decisão de evitar o tema das mudanças climáticas em uma entrevista à CNN. Chung afirmou que queria garantir que o filme não parecesse estar transmitindo uma mensagem específica. “Simplesmente não sinto que os filmes devam ser orientados para mensagens”, disse ele. Em uma cena, uma agricultora local interpretada por Maura Tierney menciona que as tempestades e inundações estão se tornando mais frequentes, mas não faz referência direta às mudanças climáticas.

Chung defende que o filme deve refletir a realidade sem pregar uma mensagem explícita. “Penso que o que estamos a fazer é mostrar a realidade do que está a acontecer no terreno… não temos medo de dizer que as coisas estão a mudar”, afirmou ele. O diretor enfatizou que seu objetivo era evitar qualquer sensação de pregação, mantendo o filme como um reflexo do mundo real.

A abordagem de Chung pode ser vista como um reflexo da cautela dos estúdios em tempos polarizados, especialmente quando se busca criar um sucesso de bilheteria de verão. Em um ambiente onde discussões sobre mudanças climáticas podem ser divisivas, a decisão de omitir referências explícitas pode ter sido uma escolha estratégica para evitar controvérsias e alcançar um público mais amplo.

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Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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