O documentário No Other Land, vencedor do Oscar, está no centro de uma polêmica após críticas severas da Campanha Palestina para o Boicote Acadêmico e Cultural de Israel (PACBI). O grupo, alinhado ao movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), alega que o filme viola diretrizes que se opõem à normalização das relações com Israel.

As críticas do PACBI ao filme

  • O No Other Land foi produzido com apoio da ONG israelense Close-Up, o que, segundo o PACBI, caracteriza uma forma de normalização indesejada.
  • O grupo acredita que o documentário pode suavizar a percepção internacional sobre a ocupação e o apartheid israelense.
  • A polêmica se intensificou após o discurso do codiretor Yuval Abraham no Oscar, que, apesar de criticar a destruição em Gaza, teria traçado uma falsa equivalência entre colonizadores e colonizados.
  • O PACBI evita pedir um boicote formal ao documentário, mas alerta sobre o que considera um perigo em sua recepção no mundo árabe.

O impacto do filme e reações internacionais

Apesar das críticas do PACBI, No Other Land tem sido amplamente elogiado por denunciar a opressão de Israel sobre a comunidade palestina de Masafer Yatta. Desde sua estreia no Festival de Berlim, o filme tem recebido ataques tanto da direita israelense quanto de defensores da causa palestina.

Nos Estados Unidos, o Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR) defendeu publicamente o documentário, pedindo sua distribuição no país. Mesmo após a vitória no Oscar, o filme ainda não tem um distribuidor oficial nos EUA.

Um debate em evolução

A posição do PACBI gerou debates dentro da própria comunidade palestina e entre os apoiadores do BDS. O grupo reconhece que o documentário expõe crimes de Israel, mas considera problemática sua ligação com instituições israelenses. Em resposta às críticas, um porta-voz do PACBI esclareceu que as diretrizes do movimento visam a cumplicidade institucional, e não os cineastas individualmente.

A controvérsia em torno de No Other Land reflete os desafios enfrentados por produções artísticas que abordam a questão palestina, equilibrando a necessidade de exposição das injustiças com a pressão política dentro e fora da região.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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