Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da CBF e determina nova eleição sob comando de Fernando Sarney
Pela segunda vez desde que assumiu a presidência da CBF, Ednaldo Rodrigues foi afastado do cargo por decisão judicial. O novo capítulo da crise que assola o comando do futebol brasileiro foi escrito pelo desembargador Gabriel Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que determinou o afastamento imediato da diretoria da entidade.
Na decisão, Zefiro nomeou o vice-presidente Fernando Sarney como interventor responsável por conduzir uma nova eleição “o mais rápido possível, obedecendo-se os prazos estatutários”. Sarney, que já havia acionado a Justiça contra Ednaldo, agora assume a cadeira mais alta do futebol nacional de forma interina.
Suspeita sobre assinatura de Coronel Nunes derruba acordo e acende crise
O ponto central da decisão judicial é a invalidação de um acordo assinado em janeiro de 2025, que reconhecia a legalidade da eleição de Ednaldo em 2022 — o mesmo pleito já questionado no passado e que havia motivado o afastamento temporário do dirigente em dezembro de 2023.
Entre os signatários do documento estavam Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Castellar Neto, Adriano Aro e o ex-presidente da CBF, Coronel Antônio Carlos Nunes de Lima. Foi justamente a assinatura deste último que levantou dúvidas.
Com mais de 80 anos e em tratamento contra um câncer no cérebro, Nunes passou por uma cirurgia delicada em 2023. Um laudo médico assinado pelo neurocirurgião Jorge Pagura indicava “déficit cognitivo” e questionava sua capacidade de tomar decisões com consciência plena. Além disso, documentos anexados à petição de Sarney mostram que, na mesma época, Nunes outorgou uma procuração por não conseguir se locomover até o cartório.
Perícia questionada e ausência em audiência reforçam decisão judicial
A suspeita ganhou peso com um parecer técnico da perita Jacqueline Tirotti, contratada pelo vereador carioca Marcos Dias (Podemos), que apontou “impossibilidade de vinculação do punho” da assinatura ao Coronel Nunes, além de falhas na formatação do documento. Apesar de a empresa responsável pela análise já ter sido envolvida em outras polêmicas, o conteúdo do laudo repercutiu fortemente.
A CBF rebateu a legitimidade do laudo, chamando-o de “espetacularização midiática” com interesses “nada republicanos”. Contudo, quando o processo retornou à Justiça do Rio por ordem do STF, o Coronel Nunes não compareceu à audiência marcada para esclarecer a situação — ausência que pesou na decisão do desembargador.
“O Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente”, escreveu Zefiro ao justificar a anulação do acordo e o afastamento da diretoria da CBF.
Próximos passos: intervenção e nova eleição
Com Ednaldo atualmente no Paraguai, onde participou do Congresso da Fifa, a decisão o atinge em meio a articulações políticas crescentes contra sua permanência. Entre as federações estaduais e bastidores da própria CBF, já se falava na iminência de sua queda.
Agora, Fernando Sarney assume a função de interventor e deve convocar eleições nos termos do estatuto. O futuro da CBF — e a disputa pelo comando do futebol brasileiro — entra novamente em campo.