O governo dos Estados Unidos adicionou a Tencent, maior empresa de jogos do mundo, a uma lista de empresas que, segundo o Departamento de Defesa, mantêm relações com o exército chinês. A decisão faz parte de uma política adotada em 2020, que impede empresas americanas de investirem em companhias consideradas ligadas a forças militares estrangeiras.

Impactos na Tencent e no mercado global

A inclusão da Tencent na lista causou forte impacto imediato no mercado financeiro. As ações da empresa chegaram a registrar uma queda de até 7% logo após a divulgação da notícia. Vale lembrar que a Tencent possui um extenso portfólio de investimentos, com participação em mais de 800 empresas, incluindo uma fatia de 40% na Epic Games, desenvolvedora do popular Fortnite, e investimentos em gigantes como Activision Blizzard e Ubisoft.

Embora a designação feita pelo Pentágono não estabeleça sanções diretas, ela gera um ambiente de incerteza e pode desestimular empresas americanas de realizarem novos negócios ou ampliarem parcerias com a Tencent.

Além da Tencent, outra companhia de destaque, a fabricante de baterias CATL, foi incluída na mesma lista. A CATL é uma das maiores fornecedoras globais de baterias para veículos elétricos e tem papel fundamental na cadeia de suprimentos da indústria automotiva.

Resposta oficial da Tencent

Em resposta à designação, Danny Marti, porta-voz da Tencent, declarou ao site The Verge que a empresa pretende contestar a inclusão na lista, afirmando que não possui vínculos com o exército chinês.

“Não somos uma empresa ou fornecedora militar. Ao contrário de sanções ou controles de exportação, essa listagem não afeta diretamente nossos negócios. No entanto, estamos dispostos a dialogar com o Departamento de Defesa para esclarecer qualquer mal-entendido”, afirmou Marti.

Apesar da tentativa de minimizar os efeitos práticos da medida, a inclusão da Tencent nessa lista pode impactar a percepção de investidores globais, gerando dúvidas sobre futuras parcerias e investimentos envolvendo a empresa.

Contexto e possíveis desdobramentos

A criação da lista negra remonta a uma ordem executiva emitida em 2020, durante o governo Trump, que visava restringir investimentos americanos em empresas ligadas a setores militares estrangeiros, especialmente da China. A política foi mantida pela administração Biden, evidenciando a continuidade da estratégia dos EUA de conter o avanço tecnológico e militar da China.

Além das consequências econômicas, a medida pode elevar as tensões entre os governos americano e chinês, uma vez que a Tencent é uma das empresas mais emblemáticas da economia digital da China. A gigante atua em áreas como entretenimento, mídia social, tecnologia financeira e computação em nuvem, além de ser proprietária do WeChat, uma das maiores plataformas de mensagens e pagamentos do mundo.

Caso as negociações entre a Tencent e o Departamento de Defesa não avancem, a inclusão na lista poderá limitar ainda mais a atuação da empresa no mercado americano, dificultando seu acesso a capital e a novas tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos.

A inclusão da Tencent na lista de empresas com supostos vínculos militares reflete a crescente rivalidade tecnológica e econômica entre Estados Unidos e China. Com impactos diretos no mercado financeiro e potencial de aumentar a tensão entre as duas potências, o caso da Tencent pode se tornar um marco nas relações comerciais entre os países.

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