Jogos mais curtos podem ser a solução para os altos custos de desenvolvimento, diz Shawn Layden
O ex-executivo da PlayStation, Shawn Layden, declarou que o custo de produção de jogos atingiu níveis insustentáveis, e uma possível solução seria a redução da duração dos jogos. Em entrevista ao Eurogamer, Layden destacou que a indústria enfrenta um impasse econômico, com investimentos crescentes em desenvolvimento, enquanto a base de consumidores não aumenta no mesmo ritmo.
Layden apontou que os custos de desenvolvimento de jogos dobram a cada geração. “O que custava US$ 1 milhão no PS1 passou para US$ 2 milhões no PS2, depois US$ 4 milhões, e assim por diante. Durante a geração PS4, criar um jogo AAA custava cerca de US$ 150 milhões, sem contar o marketing. Para o PS5, esse valor pode chegar a US$ 300 milhões ou mais. Isso é insustentável.”
O ex-executivo comparou a indústria a construções de catedrais no século XVIII, defendendo que os jogos AAA se tornaram “projetos gigantescos” que não podem continuar a crescer dessa forma.
A duração dos jogos e o público-alvo
Layden destacou que a longa duração dos jogos AAA pode estar desalinhada com as necessidades do público atual. No início da indústria, a promessa de “100 horas de jogo” era um atrativo importante para jogadores jovens, com mais tempo disponível e menos dinheiro. No entanto, com o envelhecimento do público, o tempo livre tornou-se um recurso mais escasso.
“Jogadores nos seus 30 anos têm menos tempo para dedicar a jogos longos. Isso torna a abordagem atual menos compatível com a realidade do mercado”, explicou Layden. Ele também sugeriu que um grande volume de recursos é desperdiçado em conteúdos que poucos jogadores experimentam.
O ex-executivo questionou: “Se apenas 50% dos jogadores veem o final do jogo, todo o dinheiro investido nesse conteúdo é bem utilizado? Precisamos de jogos que sejam tão cativantes que as pessoas queiram completá-los, mas que não demandem meses para isso.”
Além disso, Layden criticou a busca constante por níveis extremos de detalhes, como a possibilidade de entrar em todas as casas ou abrir cada gaveta em um ambiente de jogo. Embora isso ofereça experiências imersivas, também eleva os custos de produção.
A sugestão de Layden traz à tona um debate sobre a sustentabilidade da indústria de jogos e as mudanças necessárias para equilibrar custos, inovação e a realidade dos jogadores.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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