Cannes homenageia David Lynch com documentário póstumo “Welcome to Lynchland”
O Festival de Cinema de Cannes foi palco de uma homenagem comovente ao cineasta David Lynch na quarta-feira (14), com a estreia mundial do documentário Welcome to Lynchland, lançado poucos meses após sua morte, ocorrida em janeiro aos 78 anos. O filme, dirigido por Stéphane Ghez, resgata o legado artístico de um dos autores mais enigmáticos do cinema moderno.
A exibição contou com a presença do filho do cineasta, Riley Lynch, que subiu ao palco do Palais para apresentar o documentário. “Este festival significou muito para o meu pai”, disse, emocionado. Ele relembrou ainda a última vez que esteve em Cannes, em 2002, quando Lynch presidiu o júri oficial. “Comemorei meu décimo aniversário aqui, e Sharon Stone trouxe o bolo.”
Retrato de um gênio excêntrico
Com cerca de uma hora de duração, Welcome to Lynchland foi produzido antes da morte de Lynch e oferece um mergulho profundo em sua obra, desde o surrealismo de Eraserhead até o fenômeno cult Twin Peaks e o aclamado Mulholland Drive. A narrativa busca decifrar a mente por trás de obras tão simbólicas e misteriosas, contando com entrevistas inéditas do próprio diretor e depoimentos de colaboradores recorrentes como Kyle MacLachlan, Laura Dern, Naomi Watts e Isabella Rossellini.
Um laço duradouro com Cannes
Lynch teve uma relação marcante com Cannes. Venceu a Palma de Ouro em 1990 com Coração Selvagem (Wild at Heart), recebeu o prêmio de melhor direção por Mulholland Drive em 2001 e foi presidente do júri em 2002. Por isso, o festival fez questão de publicar uma homenagem oficial após seu falecimento, exaltando sua influência e o caráter atemporal de sua obra.
“Um artista único e visionário, cuja obra influenciou o cinema como poucos”, destacou o comunicado. “Seus filmes continuarão a alimentar nossa imaginação e a inspirar todos aqueles que veem o cinema como uma arte capaz de revelar o indizível.”
Distribuído pela Cineteve Sales, Welcome to Lynchland agora inicia seu percurso internacional como testemunho definitivo de uma das mentes mais ousadas da história do cinema.