Lee Daniels revela financiamento polêmico e reflexões sobre “A Última Ceia”, vencedor do Oscar

Lee Daniels, um dos mais influentes cineastas da atualidade, recentemente fez uma revelação surpreendente sobre os bastidores de A Última Ceia (2001), filme que ele produziu e que marcou a história do cinema. O drama, que rendeu a Halle Berry o Oscar de Melhor Atriz — tornando-a a primeira e única mulher negra a vencer nessa categoria até hoje — foi, segundo Daniels, financiado com “dinheiro das drogas”.

Daniels, que produziu o filme por meio de sua recém-criada empresa Lee Daniels Entertainment, contou ao site The Film Stage que “todos os meus filmes foram independentes. […] Meu primeiro filme foi desenvolvido com o dinheiro das drogas”. Sem entrar em mais detalhes, ele destacou que sempre buscou financiamento independente para seus projetos.

Um filme de sucesso modesto, mas impactante

Dirigido por Marc Forster, A Última Ceia conta a improvável história de amor entre uma mulher que perdeu o marido no corredor da morte (interpretada por Berry) e um guarda penitenciário branco, interpretado por Billy Bob Thornton, ambos lidando com tragédias pessoais. O filme teve um orçamento relativamente baixo para os padrões de Hollywood, cerca de US$ 4 milhões, mas arrecadou US$ 45 milhões nas bilheterias, além de ter gerado grande repercussão crítica.

A vitória de Halle Berry no Oscar representou um marco na história da premiação. Na mesma cerimônia, Denzel Washington também fez história ao vencer o prêmio de Melhor Ator por Dia de Treinamento. Daniels se tornou o primeiro produtor negro a financiar um filme vencedor do Oscar de Melhor Atriz de forma independente.

Revelações pessoais e críticas à indústria e ao Oscar

Daniels já havia feito declarações polêmicas sobre sua relação com o sucesso de A Última Ceia. Ele revelou que não compareceu à cerimônia do Oscar, preferindo passar a noite usando drogas, dizendo: “Eu estava entorpecido em um hotel, sem esperar ganhar. […] Não achei que merecia estar naquela mesa, então, não fui.”

O cineasta também criticou a falta de apoio da indústria cinematográfica após o sucesso do filme. Apesar da aclamação de crítica e público, ele afirmou que a Lionsgate, produtora de A Última Ceia, não conseguiu capitalizar adequadamente a vitória de Berry. Segundo Daniels, após o Oscar, ele recebeu ofertas para filmes que considerou desrespeitosos, como Uma Mãe Para o Meu Bebê 2 e Leprechaun 7. “Eles não conseguiam entender como eu fiz esse filme ser bem recebido pela crítica”, comentou.

O impacto contínuo de Lee Daniels

Daniels, que acaba de lançar A Libertação, um filme de terror estrelado por Glenn Close, continua a desafiar convenções na indústria cinematográfica. Sua trajetória reflete tanto as lutas pessoais quanto os triunfos que moldaram sua carreira. Com A Última Ceia, ele não apenas quebrou barreiras como produtor, mas também trouxe à tona questões complexas sobre raça, amor e redenção que ressoam até hoje.

Daniels segue sendo uma figura importante e provocadora no cinema, disposto a abordar temas difíceis e a revelar verdades desconfortáveis, tanto sobre sua vida pessoal quanto sobre a realidade da indústria.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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