A jornada para levar Neo-Tóquio para as telas de cinema de Hollywood vai demorar um pouco mais. Após mais de duas décadas em um dos mais longos e notórios “infernos de desenvolvimento” da indústria, a Warner Bros. abriu mão dos direitos de adaptação cinematográfica do clássico cult japonês Akira. A informação, que circulou em veículos da imprensa especializada, marca o fim de um capítulo e o início de uma nova busca por um lar para o projeto.

Os direitos da obra de Katsuhiro Otomo retornaram para a Kodansha, a editora japonesa que publicou o mangá original em 1982. Agora, um novo “pacote”, com produtores e talentos, está sendo montado para ser apresentado a outros estúdios e plataformas de streaming, na esperança de que a adaptação finalmente saia do papel sob uma nova direção.

Uma saga de diretores, roteiristas e controvérsias

A Warner Bros. adquiriu os direitos de Akira em 2002 e, desde então, gastou milhões de dólares em um ciclo interminável de tentativas fracassadas. A primeira versão seria dirigida por Stephen Norrington (de Blade: O Caçador de Vampiros), mas o projeto não foi para frente. Ao longo dos anos seguintes, uma lista impressionante de diretores e roteiristas esteve ligada à adaptação em diferentes momentos, incluindo os irmãos Hughes (O Livro de Eli) e Jaume Collet-Serra (Adão Negro).

A versão que chegou mais perto de acontecer foi em 2012. Com um orçamento de US$ 90 milhões, o projeto estava em pré-produção, com Garrett Hedlund (Tron: O Legado) escalado como protagonista e nomes como Kristen Stewart e Helena Bonham-Carter em negociações. No entanto, a produção foi paralisada abruptamente. A decisão de mudar o cenário de Neo-Tóquio para “New Manhattan” gerou fortes acusações de “whitewashing” (branqueamento) e descaracterização da obra original, o que contribuiu para o engavetamento do projeto na época.

A última tentativa com Taika Waititi

Uma nova esperança surgiu em 2017, com a contratação do diretor Taika Waititi para escrever e dirigir uma nova versão. O projeto avançou consideravelmente, garantindo incentivos fiscais na Califórnia e até mesmo uma data de lançamento para 2021. A visão de Waititi incluía um elenco totalmente japonês, em respeito à obra original.

Contudo, o sucesso de Waititi em outros projetos acabou se tornando um obstáculo. Com compromissos com Jojo Rabbit, a série The Mandalorian e, principalmente, Thor: Amor e Trovão, o diretor foi obrigado a colocar Akira em segundo plano, e o projeto nunca mais foi retomado, ficando adormecido desde então.

O futuro de Neo-Tóquio

O futuro da adaptação de Akira agora é incerto, mas há uma nova esperança. Os direitos se juntam a outras propriedades intelectuais de peso que ficaram disponíveis no mercado recentemente, como O Massacre da Serra Elétrica e as histórias de Jason Bourne. Com um novo estúdio, a icônica história de Tetsuo e Kaneda pode finalmente receber a adaptação fiel e grandiosa que os fãs esperam há mais de 20 anos. Como diz uma citação do próprio anime: “O futuro não é uma linha reta. Ele está cheio de encruzilhadas. Deve haver um futuro que possamos escolher para nós mesmos.”

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