Apenas duas semanas após o lançamento desastroso de seu ambicioso jogo MindsEye, o estúdio Build a Rocket Boy teria iniciado um processo de demissão em massa, que pode afetar uma parcela significativa de sua equipe. A informação, divulgada pelo portal IGN com base em fontes anônimas, aponta que a desenvolvedora sediada em Edimburgo, na Escócia, deu início a um processo de consulta de 45 dias com seus funcionários nesta segunda-feira (23), um procedimento legal no Reino Unido que indica a intenção de demitir 100 ou mais pessoas.
A notícia chega em meio ao colapso comercial e de crítica de MindsEye, lançado em 10 de junho. O jogo foi recebido com uma enxurrada de críticas negativas, vídeos de bugs e problemas técnicos que inundaram as redes sociais. A situação se tornou tão grave que a PlayStation passou a oferecer reembolsos aos jogadores insatisfeitos, uma medida rara e que traça um paralelo direto com o lançamento igualmente conturbado de Cyberpunk 2077.
Cem funcionários em risco
A legislação trabalhista do Reino Unido estipula que empresas que planejam demitir 100 ou mais funcionários devem abrir um período de consulta de, no mínimo, 45 dias. Ao iniciar um processo com essa duração exata, a Build a Rocket Boy sinaliza a escala da reestruturação. Considerando que o estúdio possui cerca de 300 funcionários em sua base no Reino Unido, as demissões podem impactar pelo menos um terço de sua força de trabalho local.
O lançamento que virou pesadelo
O desempenho de MindsEye está sendo considerado um dos maiores fracassos do ano na indústria de games. As notas do jogo no agregador de críticas Metacritic são desastrosas: 38 na versão para PC e um ainda pior 28 na versão para PlayStation 5, tornando-o o jogo com a pior avaliação de 2025 até agora. A recepção no Steam não é melhor, onde suas avaliações de usuários são classificadas como “Majoritariamente Negativas”, com apenas 37% de aprovação.
No início do mês, em resposta à recepção negativa, o estúdio se declarou “de coração partido” e afirmou estar “totalmente comprometido em garantir que todos os jogadores tenham uma ótima experiência”. No entanto, os problemas técnicos e de design parecem ter selado o destino comercial do título e, agora, o de parte de sua equipe.
O foco e os recursos de um projeto fracassado
A ironia trágica da situação é que, em uma entrevista concedida à VGC pouco antes do lançamento, o diretor assistente do jogo, Adam Whiting, havia afirmado que a maior parte da equipe da Build a Rocket Boy estava focada em MindsEye. “Um jogo com essa qualidade e escala precisa de muitos artistas, precisa de muitos programadores, precisa de muita coisa, certo? Precisa de muito amor”, disse ele na ocasião.
O resultado final, no entanto, não refletiu o investimento de tempo e recursos. Agora, o estúdio enfrenta não apenas o desafio de consertar um jogo quebrado, mas também as duras consequências de seu fracasso, com a iminente perda de dezenas de talentos que trabalharam no projeto.