O espetáculo grandioso não foi suficiente. Nem mesmo uma aparição dramática a 10 metros de altura sobre a Piccadilly Circus, em Londres, salvou Tron: Ares de um fracasso retumbante nas bilheterias. O novo filme da Disney, estrelado e produzido por Jared Leto, arrecadou apenas US$ 33,2 milhões em sua estreia nos Estados Unidos, um número desastroso para uma produção com orçamento de US$ 180 milhões.
O resultado, que ficou pelo menos US$ 10 milhões abaixo das projeções mais pessimistas, não apenas sela o destino da franquia na tela grande, mas também levanta sérias questões sobre o futuro de Jared Leto como um astro de primeira grandeza, capaz de liderar grandes produções em Hollywood.
O fracasso nas bilheterias: um problema de Leto ou da franquia?
O desempenho do filme foi fraco em todas as frentes. Além da baixa arrecadação doméstica, o longa somou apenas US$ 27 milhões no mercado internacional, totalizando uma estreia global de US$ 60,2 milhões. A recepção do público também foi morna, com uma nota B+ no CinemaScore, e o filme falhou em atrair o público-alvo principal, o masculino de 18 a 24 anos.
Fontes da indústria se dividem sobre o culpado. Alguns apontam para um “problema de IP”, afirmando que simplesmente não havia demanda por um novo filme de Tron. “Você poderia ter colocado Ryan Gosling, não ia funcionar. Ninguém pediu por este reboot”, disse um agente de talentos ao The Hollywood Reporter.
Outros, no entanto, veem um “problema de Leto”. O fracasso de Tron: Ares se soma ao de Morbius (2022), outro blockbuster liderado pelo ator que amargou nas bilheterias. “Em um mundo onde Michael Fassbender e Ewan McGregor estão tendo dificuldade em conseguir papéis principais, por que você iria atrás de uma pessoa que não consegue abrir um filme e que tem pontos de interrogação sobre si?”, questionou um gerente de talentos.
As polêmicas e o poder de Leto nos bastidores
Os “pontos de interrogação” se referem a uma recente reportagem da revista Air Mail, que coletou nove alegações de conduta perturbadora por parte do ator, todas negadas por seus representantes. A Disney, segundo fontes, ficou alarmada com as notícias, mas Leto se manteve profissional durante toda a turnê de divulgação.
O fracasso de Tron: Ares é particularmente doloroso para o ator porque ele foi a principal força motriz por trás do projeto. Após a Disney ter engavetado uma versão anterior do roteiro, Leto, com o apoio do então chefe do estúdio, Sean Bailey, não desistiu. Ele usou seu prestígio — e o Oscar por Clube de Compras Dallas — para convencer o estúdio a seguir em frente. O projeto foi então reestruturado em torno de seu personagem, Ares, e Leto se tornou produtor, ganhando um cachê de sete dígitos tanto para atuar quanto para produzir.
Com o fracasso duplo de Morbius e Tron: Ares, os dias em que a “pura força de vontade e carisma” de Jared Leto eram suficientes para dar sinal verde a um projeto parecem ter chegado ao fim. Seu próximo grande papel será o do vilão Esqueleto na adaptação de Mestres do Universo, um movimento que pode ser inteligente, consolidando-o mais como um ator de personagem do que como um astro de bilheteria.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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