“Kraven the Hunter”, o mais recente filme da Marvel produzido pela Sony Pictures, parece caminhar para um dos piores desempenhos de bilheteria da história da franquia. O longa, protagonizado por Aaron Taylor-Johnson, representa mais uma tentativa frustrada do estúdio de transformar personagens secundários do universo do Homem-Aranha em franquias de sucesso. Esse cenário levanta dúvidas sobre a viabilidade da estratégia da Sony de expandir seu “universo de personagens Marvel”.
Depois de sucessos modestos como “Venom”, mas fracassos notáveis como “Morbius” e “Madame Web”, a Sony enfrenta um dilema: como dar continuidade ao seu universo cinematográfico sem o protagonismo do Homem-Aranha, um dos super-heróis mais populares da Marvel?
Fracassos acumulados e desafios criativos
Embora a Sony tenha lucrado com a franquia “Venom”, que arrecadou mais de US$ 1,8 bilhão globalmente, a aposta em personagens como Kraven, Morbius e Madame Web demonstrou a limitação dessa estratégia. Críticos apontam que muitos desses filmes sofrem de falta de coesão narrativa e baixa qualidade criativa.
“O problema é que esses personagens são famosos principalmente porque enfrentaram o Homem-Aranha nos quadrinhos. Sem ele, o apelo se perde”, explica Jeff Bock, analista de bilheterias.
O multiverso do Homem-Aranha, estabelecido no sucesso animado “Aranhaverso” e no live-action “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa“, deu esperanças ao estúdio de explorar outras narrativas. No entanto, a ausência de Peter Parker de Tom Holland, que está vinculado ao MCU da Marvel Studios, criou barreiras para a integração desses filmes no universo compartilhado.
Um problema de identidade
A falta de uma visão clara e integrada tem prejudicado a construção de um “universo Marvel da Sony”. Ao contrário do MCU, que conta com uma estrutura coesa e produção liderada por Kevin Feige, a Sony adota uma abordagem fragmentada, com filmes que parecem desconectados e guiados por decisões oportunistas.
Fontes internas admitem que filmes como “Morbius” e “Kraven” careceram de controle de qualidade, reforçando uma percepção de “cinismo” por parte do público. Ainda assim, os executivos argumentam que há espaço para explorar novas histórias — desde que sejam mais criteriosos na escolha dos personagens e narrativas.
O futuro do universo do Homem-Aranha na Sony
Apesar dos fracassos recentes, a Sony não planeja abandonar o Homem-Aranha. Há projetos promissores em desenvolvimento, como:
- “Homem-Aranha 4”, com Tom Holland, previsto para iniciar filmagens em 2025 em parceria com a Marvel Studios.
- A conclusão da trilogia animada com “Além do Aranhaverso”, focada em Miles Morales.
- A série live-action “Homem-Aranha Noir”, estrelada por Nicolas Cage, em produção para a Amazon Prime Video.
Além disso, o desempenho da franquia “Venom” ainda dá fôlego ao estúdio. Embora o último filme tenha arrecadado menos, seu custo relativamente baixo em comparação com outros blockbusters de super-heróis o mantém lucrativo.
Um novo caminho: outros Homens-Aranha?
Uma possível solução para a Sony seria introduzir um novo Homem-Aranha em seus filmes live-action. Com o sucesso de múltiplas versões do personagem no Aranhaverso, o público parece receptivo à ideia de mais de um Peter Parker.
“Você poderia contratar outro ator para interpretar o Homem-Aranha. Não precisa ser o Tom [Holland]”, sugere Bock.
Essa abordagem poderia permitir ao estúdio explorar histórias com maior conexão ao personagem central, sem depender exclusivamente da parceria com a Marvel Studios.
Enquanto o futuro do “universo Marvel da Sony” permanece incerto, a lição é clara: a ausência do Homem-Aranha como figura central dificulta o sucesso de seus spin-offs. Para continuar relevante, a Sony precisará repensar sua estratégia e priorizar a qualidade narrativa, buscando formas de reconquistar o interesse do público e integrar seus projetos de maneira mais orgânica.