A auxiliar contábil Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, foi demitida da Quadri Contabilidade, em Santos (SP), e perdeu o direito a um Jeep Compass 2017 que havia ganhado em um sorteio interno da empresa. Segundo o empresário Rodrigo Morgado, dono da empresa, a demissão ocorreu por “comportamento inadequado” e por não cumprimento das metas estipuladas para validação do prêmio.

O sorteio do carro aconteceu durante a festa de fim de ano de 2024, como parte da campanha “Acelerando com a Quadri em 2025”. O veículo, avaliado em mais de R$ 100 mil, só seria oficialmente transferido para o nome do ganhador em dezembro de 2025, desde que fossem cumpridas uma série de exigências previamente acordadas em regulamento assinado pelos participantes.

Por que Larissa perdeu o carro?

De acordo com o regulamento, o Jeep Compass só seria entregue de forma definitiva após o cumprimento de metas trimestrais, manutenção do vínculo empregatício e cuidados com o veículo — incluindo seguro, conservação e não repasse a terceiros. Segundo Morgado, Larissa não atingiu as metas e ainda teria repassado o carro para outra pessoa, provocando conflitos internos na empresa.

“O carro não estava em posse dela, estava em posse dessa terceira pessoa que ela locou ou vendeu”, afirmou o empresário.

Veículo com defeitos

Larissa afirma que o carro apresentava diversos problemas mecânicos desde o primeiro uso e que precisou gastar cerca de R$ 10 mil com consertos, licenciamento e documentação.

“Logo que liguei o carro, já apareciam mensagens no painel de que precisava fazer manutenção no motor, de que tinha luz queimada”, relatou.

Hoje, desempregada e sem o veículo, Larissa tenta reorganizar sua vida financeira.

“Gastei minhas economias para fazer esses consertos. E agora estou tentando me levantar de novo”, desabafou.

Regras do sorteio e metas

Entre as exigências impostas ao vencedor estavam:

  • Permanecer empregado por 12 meses;

  • Manter o carro segurado, conservado e sem pendências fiscais;

  • Cumprir metas como: captação de novos clientes, criação de e-book do setor, treinamentos internos, parcerias estratégicas, entre outras.

A empresa alega que todos os funcionários tiveram acesso ao regulamento e que alguns optaram por não participar justamente pelo custo de manter o prêmio.

Controvérsia e transparência

Embora o sorteio tenha sido feito publicamente, a definição das metas só aconteceu após o resultado, o que gerou dúvidas sobre a transparência e viabilidade das condições. Ainda assim, a empresa reforça que o regulamento previa essas cláusulas desde o início.

O caso levanta debates sobre a legalidade de prêmios condicionais em ambiente corporativo, e sobre o limite entre ações motivacionais e exigências contratuais. Até o momento, Larissa não anunciou se pretende acionar a Justiça.

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