Após exatos dois anos de um conflito devastador, a guerra entre Israel e o Hamas chegou ao fim. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (9) por Khalil al-Hayya, um dos principais líderes do Hamas, que confirmou a assinatura de um acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia. O tratado prevê um cessar-fogo duradouro e a libertação de todos os reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos.

O acordo representa o desfecho de um dos conflitos mais sangrentos do século XXI, iniciado com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, celebrou o tratado como uma “vitória moral e diplomática”.

Os termos do acordo: libertação de reféns e cessar-fogo imediato

A primeira fase do acordo, firmada no Egito na quarta-feira (8), estabelece passos cruciais para a desescalada do conflito. Os principais pontos são:

  • Libertação de todos os reféns israelenses mantidos em cativeiro pelo Hamas desde o ataque de 2023.
  • Soltura de cerca de dois mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua em Israel.
  • Redução das operações militares israelenses na Faixa de Gaza.
  • Entrada diária de comboios humanitários com alimentos, água e medicamentos.
  • Abertura da fronteira de Gaza com o Egito.

As Forças de Defesa de Israel informaram que o cessar-fogo entrará em vigor em até 24 horas após a ratificação final do acordo pelo gabinete de segurança, que já se reúne em Jerusalém.

O desafio dos corpos e a força-tarefa internacional

Um dos pontos mais sensíveis do acordo é a devolução dos corpos dos reféns que morreram em cativeiro. Segundo a imprensa israelense, o Hamas admite não saber a localização de todos os corpos, o que pode atrasar parte do cumprimento do tratado.

Para resolver o impasse, o governo da Turquia anunciou a criação de uma força-tarefa internacional, com a participação de autoridades turcas, americanas, egípcias, cataris e israelenses, que ajudará o Hamas a localizar os corpos desaparecidos. Estima-se que 28 dos 48 reféns restantes estejam mortos.

O futuro político de Gaza e a reconstrução

O plano de paz, apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no final de setembro, também desenha um caminho para o futuro de Gaza. O território se tornará uma zona desmilitarizada, administrada temporariamente por um comitê palestino, antes de o poder ser transferido para uma Autoridade Palestina reformada. O acordo também prevê anistia para membros do Hamas que depuserem as armas e um programa econômico internacional para a reconstrução da região.

O conflito, que hoje chega ao fim, deixou um rastro de destruição. O ataque inicial do Hamas resultou na morte de mais de 1.200 pessoas. A resposta militar de Israel, segundo estimativas de autoridades locais, causou a morte de mais de 60 mil palestinos na Faixa de Gaza ao longo dos últimos dois anos.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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