Em uma demonstração de ansiedade criativa que só poderia vir de Hideo Kojima, o lendário desenvolvedor de jogos revelou estar preocupado com um problema inusitado: as prévias de “Death Stranding 2: On the Beach” têm sido positivas demais. Para a maioria dos criadores, isso seria motivo de celebração, mas para Kojima, a aceitação unânime pode ser um sinal de que sua nova obra não é tão inovadora ou “divisiva” quanto ele gostaria.
A busca pela longevidade através da divisão
Em uma nova entrevista à revista Game Informer, concedida durante um evento de prévia de “Death Stranding 2”, Kojima explicou sua filosofia sobre a criação de arte duradoura. “Qualquer coisa que dure 10 ou 20 anos precisa ser nova. E a maioria delas não é bem recebida no início”, refletiu o criador de “Metal Gear Solid”. “Isso existe por 20 ou 30 anos e depois é relembrado, com as pessoas dizendo ‘Isso é ótimo’.”
Ele argumenta que grande parte do entretenimento atual é “fácil de digerir”, e sua intenção com a franquia “Death Stranding” era criar algo que não fosse para todos, mas que gerasse uma base de fãs profundamente dedicada. “Eu queria fazer algo que uma minoria adorasse, mas que se tornasse verdadeiramente devota”, explicou. A dinâmica que ele busca é uma onde “quatro em cada 10 jogadores estivessem profundamente comovidos com a obra, enquanto os demais estivessem inseguros.”
A “decepção” com a aceitação unânime
O primeiro “Death Stranding” (2019) alcançou exatamente esse efeito. Com sua jogabilidade peculiar focada em entregas, uma narrativa complexa e um ritmo meditativo, o jogo foi polarizador, gerando um debate intenso e dividindo opiniões. Muitos o amaram por sua originalidade, enquanto outros o acharam tedioso.
Para a sequência, no entanto, o clima parece diferente. “Quando testei Death Stranding 2, não foi bem assim”, admitiu Kojima. “Todos gostaram. Por isso eu disse: ‘Talvez isso seja um problema’. Foi mais do que eu previ; no primeiro Death Stranding, todos tinham prós e contras.”
A preocupação de Kojima não é com o sucesso comercial imediato, mas com o legado cultural. Sua “ansiedade da aceitação” revela um criador que prefere o risco da inovação e a possibilidade de ser incompreendido no presente, na esperança de criar algo que continue a ser discutido e analisado por décadas, como aconteceu com a série “Metal Gear”, que, segundo ele, só foi verdadeiramente compreendida anos após seu lançamento.
O que esperar de “On the Beach”?
“Death Stranding 2: On the Beach” tem lançamento marcado para 26 de junho de 2025, para o PlayStation 5. O jogo continuará a jornada de Sam Porter Bridges (Norman Reedus) em um mundo fragmentado, prometendo novos cenários, mecânicas e, claro, uma narrativa enigmática cheia de simbolismos.