Na noite de 5 de novembro, Mark Ruffalo, conhecido por seu papel em Vingadores, se preparou para acompanhar os resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos, torcendo por uma vitória da vice-presidente Kamala Harris. No entanto, conforme os votos eram contados e o mapa eleitoral se inclinava a favor de Donald Trump, Ruffalo foi tomado por um sentimento de inquietação. “Eu só conseguia pensar nas pessoas marginalizadas e na crueldade que será desencadeada”, disse ele à Variety durante o Bill of Rights Awards da ACLU do Sul da Califórnia, expressando preocupação com o impacto da vitória de Trump sobre mulheres, imigrantes e a comunidade LGBTQ. “Isso foi o mais devastador — que deixamos isso acontecer.”
Ruffalo não está sozinho. A derrota de Harris abalou profundamente Hollywood, uma comunidade que se mobilizou em peso para apoiá-la. De arrecadações de fundos virtuais a campanhas em estados decisivos, o setor de entretenimento havia colocado sua influência a serviço da candidatura de Harris. O resultado, porém, deixou uma sensação de perda e resignação.
Desilusão em Hollywood
Enquanto a vitória de Trump em 2016 provocou uma reação de resistência, desta vez o sentimento é diferente. “Em 2016, havia raiva, motivação e um desejo de lutar”, comentou uma fonte da indústria. “Agora, em 2024, há mais resignação e desânimo.” Laura Friedman, ex-produtora de cinema e recentemente eleita para a Câmara dos EUA, observou que muitos estão perplexos com a reeleição de Trump. “Depois de tudo que vimos — corrupção, nepotismo e comportamento bizarro —, ainda assim ele foi reeleito. Isso é assustador.”
O clima tenso também marcou eventos glamorosos do último fim de semana. Durante a gala da Baby2Baby, Ciara, vencedora do Grammy, descreveu os dias recentes como “surreais”. Já na estreia do filme Wicked, Cynthia Erivo destacou a importância de celebrar as diferenças, apontando paralelos entre a fantasia do musical e a realidade política.
No entanto, a tensão era palpável. Convidados afogaram suas mágoas em coquetéis temáticos, enquanto algumas mulheres compartilharam histórias de tentativas de estocar anticoncepcionais, refletindo temores sobre políticas futuras.
O impacto nos negócios e na mídia
No mundo corporativo, a reação foi mista. Alguns executivos, como Jeff Bezos, congratularam Trump, enquanto David Zaslav, da Warner Bros. Discovery, previu que a nova administração facilitaria fusões. Apesar disso, há temores sobre como Trump, notório por sua antipatia pela mídia, reagirá a críticas vindas de Hollywood.
Até o Saturday Night Live abordou a situação com humor ácido, simulando apoio ao presidente eleito. Mas, para muitos na indústria, a vitória popular inédita de Trump acendeu um alerta. “Isso vai mudar a percepção sobre o público americano”, disse Joseph Gordon-Levitt. “Hollywood sempre segue os interesses comerciais, e essa revelação deve realinhar essas prioridades.”
O futuro das causas progressistas
Com a vitória de Trump, celebridades comprometidas com causas sociais estão em modo de reflexão. Para Liana Schwarz, consultora de doações em Hollywood, o momento pede introspecção: “Não é hora de reações impulsivas, mas de entender o caminho a seguir.”
Mesmo diante da frustração, figuras como Ruffalo continuam a usar suas plataformas para chamar atenção às questões mais urgentes. Para eles, a prioridade é reforçar a resistência contra políticas que consideram prejudiciais, protegendo conquistas obtidas nas áreas de direitos humanos, igualdade e clima.