Lumar Costa da Silva, de 34 anos, autor de um dos crimes mais brutais de Mato Grosso ao assassinar e arrancar o coração de sua tia em 2019, recebeu alta médica do Centro Integrado de Atenção Psicossocial (CIAPS) em Cuiabá. A decisão judicial, baseada em laudos que atestam sua “estabilidade clínica”, determinou sua transferência para tratamento ambulatorial em Campinas (SP) e mergulhou a família da vítima em um estado de pânico e terror. “Acabou a nossa paz”, desabafou a filha da mulher assassinada.

A soltura do regime de internação foi assinada na última quarta-feira (18) pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto. Lumar, que foi diagnosticado com Transtorno Afetivo Bipolar e absolvido do crime em 2022 por ser considerado inimputável, cumpria medida de segurança em um hospital de custódia desde então. Agora, segundo os laudos psiquiátricos, ele não necessita mais de internação, mas precisará de acompanhamento intensivo e supervisão constante.

“Acabou a nossa paz”: o desespero da família

Para a família de Maria Zélia da Silva, de 55 anos, a vítima, a notícia da alta de Lumar reabriu feridas profundas. Patrícia Cosmo, filha de Maria Zélia, expressou sua angústia com a decisão. “É medo, né? Infelizmente, a gente fica com medo. A gente tem temor. Vai ser agora um momento de terror, de pressão psicológica”, disse ela em entrevista à Rádio Capital FM.

A memória da crueldade do crime torna a situação ainda mais aterrorizante para Patrícia, que recebeu o coração da própria mãe em uma sacola, entregue por Lumar logo após o assassinato. “Minha mãe acolheu ele, e ele retribuiu com ódio, violência e uma crueldade que eu nunca vou esquecer”, lamentou.

O histórico de violência e a decisão da Justiça

O crime em Sorriso (MT) não foi um ato isolado. Poucos dias antes de matar a tia, Lumar havia tentado assassinar a própria mãe em Campinas, motivo pelo qual se mudou para o Mato Grosso. Após o assassinato de Maria Zélia, ele confessou o crime friamente. “Matei e não me arrependo. Eu ouço o universo, o universo fala comigo sempre e me disse: mata ela logo, ela tem que morrer”, declarou em depoimento. Mesmo após ser preso, ele ainda tentou enforcar outro detento.

Os laudos psiquiátricos que basearam a decisão de internação em 2020 confirmaram o transtorno afetivo bipolar e apontaram que o uso de substâncias psicoativas por Lumar no dia do crime agravou seu quadro e contribuiu para o desenvolvimento de sintomas psicóticos. O mesmo laudo destacou que pacientes com seu diagnóstico que usam drogas têm uma probabilidade 10 vezes maior de cometer crimes violentos.

Apesar desse histórico, a Justiça entendeu que sua condição agora permite o tratamento em regime aberto, mas com restrições severas: ele não poderá sair de Campinas sem autorização judicial nem consumir álcool ou qualquer tipo de entorpecente, além de precisar de supervisão constante de um responsável legal. 

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