James Gunn diagnostica a crise de Hollywood: ‘A indústria está morrendo porque fazem filmes sem roteiro finalizado’

James Gunn, chefe da DC, diz que a indústria do cinema está “morrendo” por iniciar filmes com roteiros inacabados e impõe nova regra na DC.
Superman usa sunga vermelha para parecer 'bobo' e menos assustador no novo filme Superman usa sunga vermelha para parecer 'bobo' e menos assustador no novo filme
DC

James Gunn, o co-CEO e arquiteto do novo Universo DC (DCU), fez um diagnóstico contundente sobre a crise que assola a indústria cinematográfica. Em uma nova e reveladora entrevista, o diretor de “Superman” afirmou que o “motivo número um” para a queda de qualidade e o desinteresse do público não é a concorrência do streaming, mas sim uma prática de produção que ele considera destrutiva: começar a filmar sem um roteiro finalizado.

A filosofia “roteiro primeiro” da nova DC

Em uma conversa com a revista Rolling Stone, Gunn foi direto ao ponto. “Eu acredito que o motivo pelo qual a indústria cinematográfica está morrendo não é porque as pessoas não querem ver filmes. […] O motivo número um é porque as pessoas estão fazendo filmes sem um roteiro finalizado”, declarou o cineasta.

Essa crença se tornou a regra de ouro da nova DC Studios, sob sua liderança e a de seu parceiro, Peter Safran. Gunn revelou que, desde que assumiu o cargo, essa diretriz já teve consequências práticas. “Nós simplesmente cancelamos um projeto por esse motivo”, contou. “Todo mundo queria fazer o filme. Estava com sinal verde, pronto para ser lançado. O roteiro não estava pronto. E eu não poderia fazer um filme cujo roteiro não fosse bom.”

Ele enfatizou que nenhum projeto da DC avançará sem sua aprovação pessoal do roteiro. “Nada acontece antes de haver um roteiro com o qual eu, pessoalmente, esteja satisfeito.”

A sorte com os roteiros do “Capítulo Um: Deuses e Monstros”

Felizmente para os fãs, Gunn afirmou que os próximos projetos do DCU já passaram por esse rigoroso crivo. “Tivemos muita sorte até agora, porque o roteiro de ‘Supergirl’ era muito bom desde o início. E então ‘Lanternas’ chegou, e o roteiro era muito bom. ‘Cara de Barro’, a mesma coisa. Muito bom”, celebrou, indicando que a primeira fase do novo universo, “Deuses e Monstros”, está sendo construída sobre bases narrativas sólidas.

Ele também destacou que não há uma ordem da Warner Bros. para entregar um número específico de filmes por ano, o que lhe dá liberdade para focar na qualidade. “Não temos a obrigação de ter uma quantidade específica de filmes e séries por ano. Então, vamos lançar tudo o que consideramos da mais alta qualidade”, garantiu.

Uma crítica velada à concorrência

A filosofia de “qualidade acima da quantidade” de Gunn é também uma crítica direta à estratégia recente de sua principal concorrente, a Marvel Studios. O diretor acredita que a ordem anterior da Disney de aumentar drasticamente o volume de produções do MCU para o cinema e o Disney+ “os matou”, resultando na chamada “fadiga de super-heróis” e em uma queda na qualidade percebida de seus filmes e séries.

A crítica de Gunn ecoa a própria reavaliação da Disney. O CEO da empresa, Bob Iger, já admitiu publicamente que a Marvel havia “diluído o foco e a atenção” e que a nova ordem era, de fato, focar na qualidade em vez da quantidade.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

Ler posts desse autor