Em um dos retornos mais aguardados da história da TV noturna americana, Jimmy Kimmel voltou ao ar nesta terça-feira (23) com um monólogo poderoso e multifacetado. Após uma suspensão de seis dias, o apresentador mesclou humor, um esclarecimento emocionado à família de Charlie Kirk e uma defesa contundente da liberdade de expressão, com críticas diretas ao ex-presidente Donald Trump e ao chefe da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr.

Kimmel abriu o programa com uma piada sobre o caos de seus últimos dias e agradeceu a uma lista surpreendente de apoiadores, que incluiu até mesmo alguns de seus maiores críticos conservadores.

O esclarecimento e a homenagem à viúva de Kirk

Com a voz embargada e lágrimas nos olhos, Jimmy Kimmel abordou seus comentários da semana passada sobre o assassinato do ativista. “Nunca foi minha intenção menosprezar o assassinato de um jovem”, proclamou ele. “Isso foi exatamente o oposto do que eu estava tentando dizer, mas para alguns, pareceu inoportuno ou pouco claro (…) e para aqueles que acham que eu apontei o dedo, entendo por que estão chateados.”

No final do monólogo, ele voltou a se emocionar ao elogiar a viúva de Kirk, Erika, por ter perdoado publicamente o assassino de seu marido. Ele a saudou como “um exemplo que devemos seguir”, descrevendo seu ato como uma “graça altruísta”.

O ataque direto a Trump e ao chefe da FCC

A parte mais combativa do discurso foi direcionada àqueles que ele vê como responsáveis por sua suspensão. Kimmel mirou diretamente em Brendan Carr, o presidente da FCC, citando a ameaça que o comissário fez às afiliadas da ABC. “[Ele disse] ‘Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil’. (…) Além de ser uma violação direta da Primeira Emenda, não é uma ameaça particularmente inteligente de se fazer em público”, declarou Kimmel.

Ele também exibiu um clipe de Donald Trump comemorando sua suspensão e o chamando de “sem talento” e “maluco”. Kimmel rebateu com ironia: “Ele fez o possível para me cancelar. Em vez disso, forçou milhões de pessoas a assistir ao programa. O tiro saiu pela culatra”, disse, enquanto a plateia o aplaudia.

‘Obrigado’ aos oponentes que defenderam a liberdade de expressão

Em um dos momentos mais surpreendentes da noite, Kimmel agradeceu não apenas a seus aliados de Hollywood, mas também a figuras conservadoras proeminentes como Ben Shapiro e Ted Cruz, que, apesar de discordarem dele politicamente, defenderam seu direito de expressão. “É preciso coragem para elas se manifestarem contra este governo, e elas se manifestaram, e merecem crédito por isso”, afirmou.

A crise que parou a TV americana

A volta de Jimmy Kimmel encerra, por enquanto, uma crise sem precedentes. Sua suspensão na semana passada ocorreu após uma revolta de grandes grupos de emissoras afiliadas, como a Nexstar e a Sinclair, que foram pressionadas pela FCC. Apesar do retorno do programa à grade nacional da ABC, motivado por uma carta de apoio de mais de 400 celebridades, a Nexstar e a Sinclair anunciaram que continuarão a boicotar a exibição do talk show em seus mercados, mostrando que a polêmica ainda está longe de terminar.

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