Com o anúncio de Mario Kart World por US$ 80, a Nintendo inaugurou oficialmente uma nova era de preços no mercado de jogos — e ao que tudo indica, essa tendência veio para ficar. O ex-presidente da Sony Interactive Entertainment, Shuhei Yoshida, acredita que esse movimento é não só compreensível, como inevitável, principalmente diante da escalada de custos na produção de jogos AAA.
Em entrevista ao PlayStationInside, Yoshida comentou o cenário atual:
“A inflação é real e significativa, mas as pessoas esperam jogos cada vez mais ambiciosos e, portanto, caros para desenvolver… é uma equação impossível.”
US$ 80: o novo padrão para blockbusters?
Segundo Yoshida, o preço mais alto já vinha se desenhando desde que títulos como The Last of Us Part II e Horizon Forbidden West ultrapassaram a casa dos US$ 200 milhões em desenvolvimento. Com gráficos fotorrealistas, dublagem internacional, animações detalhadas e ciclos de produção que podem durar mais de cinco anos, a conta simplesmente não fecha — a não ser que o consumidor esteja disposto a pagar mais.
E os indícios já são claros: a Microsoft também anunciou que parte de seus jogos first-party, como o próximo Call of Duty, poderá vir com a nova etiqueta de US$ 80 até o fim de 2025. A expectativa se volta agora para a Rockstar Games, que pode aplicar o novo preço ao aguardado GTA 6, com seus gráficos de “pelos de braço renderizados individualmente” e garrafas de cerveja que borbulham em tempo real.
Mais jogos baratos? Yoshida acredita que sim
Apesar de defender o reajuste nos blockbusters, Yoshida aponta uma alternativa: produções menores com excelência criativa. Ele citou o exemplo de Clair Obscur: Expedition 33, um JRPG por turnos vendido por US$ 50 que já bateu 2 milhões de cópias em duas semanas — tudo isso com uma equipe de apenas 30 pessoas.
“Você pode fazer jogos excelentes com equipes e orçamentos mais enxutos sem comprometer a qualidade”, afirmou.
Remakes, remasterizações e serviços
Yoshida também acredita que o crescimento de remakes, jogos como serviço e plataformas de assinatura é parte da adaptação da indústria a essa nova realidade. “São formas de manter o fluxo de caixa e ainda assim investir em experiências premium”, explicou.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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