O ator Jon Hamm, vencedor do Emmy por seu icônico papel como Don Draper em “Mad Men”, revelou por que se sente mais atraído por personagens falhos e vilanescos do que por heróis tradicionais. Em uma nova entrevista, ele explicou que personagens que tomam decisões ruins são mais identificáveis para o público e, em uma brincadeira, chegou a dizer que o Superman “pode ser meio chato”.
“As pessoas se identificam com personagens que tomam decisões ruins”
Em uma conversa com a W Magazine publicada nesta quarta-feira, 18 de junho, Hamm foi questionado sobre sua habilidade de fazer com que “o mau comportamento pareça extremamente atraente” na tela. Sua resposta foi uma reflexão sobre a natureza humana. “Acho que as pessoas se identificam com personagens que tomam decisões ruins, porque todos nós já as tomamos”, afirmou o ator de 54 anos.
Ele reconheceu que sua carreira é marcada por esse tipo de papel. “Meu histórico com personagens não é exatamente o de santos; é mais para o lado dos pecadores da equação”, continuou. Foi então que ele fez a comparação com o maior dos heróis, com uma ressalva bem-humorada: “Mas o Superman pode ser meio chato. Sem ofensa ao novo Superman [David Corenswet], que espero que seja uma pessoa encantadora.”
A complexidade de Don Draper e outros vilões
A preferência de Hamm por personagens complexos é evidente em seus papéis mais notáveis. Embora tenha uma carreira diversificada, foram os vilões e anti-heróis que lhe renderam os maiores elogios. Ele se destacou recentemente como o xerife psicopata Roy Tillman, na quinta temporada de “Fargo”, o carismático ladrão de bancos Buddy em “Em Ritmo de Fuga” (Baby Driver) e o bilionário da tecnologia Paul Marks, na série “The Morning Show”.
No entanto, seu papel mais famoso, o publicitário Don Draper de “Mad Men”, é o que melhor encapsula sua filosofia. Em uma entrevista anterior ao The Hollywood Reporter, Hamm argumentou que Draper era, na verdade, mais um vilão do que um herói. “O personagem foi celebrado pelos motivos errados”, explicou, traçando um paralelo com James Gandolfini (Tony Soprano) e Bryan Cranston (Walter White). “As pessoas achavam que Don era um modelo de masculinidade ou algo assim. Havia tantos artigos de opinião, e você pensa: ‘Espera aí, ele era bem problemático’.”
A atração pelo lado sombrio
A fala de Jon Hamm oferece um olhar sobre a mentalidade de um ator que encontra mais satisfação em explorar as nuances e as falhas da condição humana do que em personificar ideais de perfeição. Para ele, a complexidade de um “pecador” é muito mais interessante e, paradoxalmente, mais humana do que a retidão de um “santo”.