O que era para ser uma noite divertida de cinema se transformou em uma situação de constrangimento e debate em Teresina (PI). A estudante e maquiadora Maria Alice foi barrada de circular no Shopping Rio Poty no domingo (7) por estar fantasiada como a personagem Valak, a freira demoníaca da franquia Invocação do Mal. Ela estava a caminho da estreia do novo filme da saga, Invocação do Mal: Últimos Ritos.
O caso, denunciado por ela em suas redes sociais, viralizou e gerou uma forte discussão sobre liberdade de expressão e o espaço para a cultura pop na capital piauiense.
‘Me senti bem humilhada’, diz a maquiadora
Em seu relato, Maria Alice contou que, após mais de uma hora se maquiando, foi abordada por funcionários do shopping. A justificativa para a restrição foi que sua caracterização estaria causando “transtornos”, por atrair a atenção de outros clientes, e que dificultava sua identificação nas câmeras de segurança.
“Tive que jantar fora porque no shopping falaram que eu não podia ficar circulando”, contou ela. “Eu me senti bem humilhada”. A jovem foi autorizada a assistir ao filme, mas foi informada de que deveria deixar o local logo após a sessão. “Qual é o mal nisso? Eu não estava fazendo algazarra. Estava tranquila na minha”, desabafou.
Uma tradição de fã e artista
O costume de se fantasiar, no entanto, é uma paixão antiga de Maria Alice. Ela contou que a prática é comum em sua rotina de fã de cinema e já se caracterizou para outras estreias, como a personagem-título de Coraline, a Nojinho de Divertida Mente e o vilão Jigsaw de Jogos Mortais. A maquiagem artística, segundo ela, “está em seu coração”.
O debate sobre a cultura local
O caso de Maria Alice rapidamente transcendeu o desabafo pessoal e gerou uma discussão maior sobre a falta de incentivo à cultura em Teresina. A própria maquiadora repostou uma mensagem de uma seguidora que criticava a situação.
“Uma cidade que não investe em cultura empobrece espiritualmente. (…) O mínimo que o poder público pode e deve fazer é garantir que toda forma de arte tenha espaço, apoio e reconhecimento”, dizia o texto compartilhado por ela. A crítica ecoa uma reclamação recorrente de artistas da região sobre a escassez de políticas que acolham manifestações criativas. Até o fechamento desta reportagem, a administração do Shopping Rio Poty não havia se pronunciado sobre o episódio.