O julgamento criminal de Sean “Diddy” Combs em Nova York atingiu um novo e perturbador patamar nesta semana. Pela primeira vez, após seis semanas de depoimentos, os jurados assistiram a trechos de vídeos explícitos das supostas “surras” – maratonas sexuais movidas a drogas – que o rapper teria orquestrado. A reação de Diddy ao rever as mesmas imagens, no entanto, foi o que chocou os presentes no tribunal na manhã seguinte.

O horror em vídeo: júri finalmente vê as “surras”

Na segunda-feira, 16 de junho, a promotoria exibiu ao júri clipes de três vídeos diferentes, gravados em 2012 e 2014, que mostram a ex-namorada de Combs, a cantora Cassie Ventura, praticando atos sexuais com acompanhantes masculinos. As imagens, que não foram divulgadas ao público ou à imprensa, eram o ponto alto da expectativa do julgamento, após semanas de descrições detalhadas feitas por testemunhas.

De acordo com um relato da CNN, a reação do júri, composto majoritariamente por mulheres, foi de aparente estoicismo, possivelmente uma consequência de semanas ouvindo testemunhos gráficos. No entanto, o impacto foi visível em alguns. Uma jurada teria “se encolhido em sua cadeira”, enquanto outra levou a mão à cabeça e ao olho, demonstrando claro desconforto com as cenas explícitas.

A reação perturbadora de Diddy

Na manhã de terça-feira, 17, antes do início de mais um dia de depoimentos, o próprio Diddy, de 55 anos, teve a oportunidade de rever as fitas em uma sala privada, já que seu monitor no tribunal era visível para o público. O que se seguiu foi uma atitude que deixou os observadores perplexos.

Após assistir às imagens de sua ex-namorada em atos sexuais que ela descreveu como coagidos, o magnata da música teria sido visto “sorrindo, lambendo os lábios e esfregando as mãos”, segundo um relato do jornal britânico The Mirror. A reação contrastou drasticamente com a gravidade das acusações e com o visível desconforto de alguns membros do júri no dia anterior.

O contexto das fitas: chantagem e coação

As fitas são uma peça central na acusação de tráfico sexual e extorsão contra Combs. Em seu depoimento, Cassie Ventura afirmou que “odiava” esses encontros, mas que se sentia coagida a participar, como se fosse “parte de seu trabalho” no relacionamento com o poderoso produtor.

Ela também alegou que Diddy usava as gravações para chantageá-la e que temia que ele as usasse para “me fazer parecer uma vagabunda”. Em um relato angustiante, ela contou que, após uma briga em Cannes em 2013, Combs exibiu um desses vídeos em um voo comercial de volta para os EUA, na presença de outras pessoas, para humilhá-la. “Eu disse: ‘Você está me envergonhando’. Eu estava com medo, me sentia presa”, testemunhou.

Um caso construído sobre um padrão de abuso

Combs se declara inocente de todas as acusações, mas a promotoria busca usar os testemunhos de Cassie, de outra ex-namorada conhecida como “Jane”, e agora as provas em vídeo, para estabelecer um padrão de empresa criminosa, conforme previsto na lei RICO, frequentemente usada contra a máfia. O julgamento, que deve durar oito semanas, entra agora em sua reta final, e a exibição das fitas é considerada um momento crucial para a decisão do júri. Se condenado, Diddy pode passar o resto da vida na prisão.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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