Kojima comenta recepção inicial negativa de Death Stranding: “Quatro em cada dez gostaram”
Hideo Kojima, criador de Death Stranding e uma das figuras mais visionárias da indústria dos games, revelou à revista Edge que os testes iniciais do título original foram, nas palavras dele, “bem ruins”. Segundo o game designer, apenas 40% dos testadores consideraram o jogo positivo, enquanto os outros 60% o classificaram como “terrível”.
“Fiz muitos testes de monitoramento para o primeiro Death Stranding. Descobri que quatro em cada dez pessoas adorariam o jogo e seis diriam que era um jogo terrível”, disse Kojima. Apesar da estatística desanimadora, o autor afirma que, para ele, isso representava um “bom equilíbrio”.
Controvérsia como combustível criativo
Longe de buscar aprovação em massa, Kojima reforça que seu objetivo nunca foi agradar todo mundo. “Não quero fazer jogos que visem o mercado de massa ou vender milhões de cópias. Não é isso que estou buscando”, explicou. Ele compara sua abordagem à do cinema, onde filmes só chegam às salas com cerca de 80% de aprovação nos testes. “Não quero fazer jogos assim”, reforça.
A declaração de Kojima não surpreende quem conhece sua trajetória: o criador sempre valorizou a originalidade e a ruptura com convenções. No caso de Death Stranding, um game centrado em conectar pessoas num mundo pós-apocalíptico por meio de entregas e isolamento social — lançado pouco antes da pandemia —, a proposta foi, no mínimo, ousada. Ainda assim, o jogo ultrapassou 20 milhões de jogadores desde seu lançamento, uma prova de que originalidade também pode gerar sucesso.
Death Stranding 2 será menos divisivo, mas Kojima não parece animado com isso
Durante os testes recentes de Death Stranding 2, ainda em desenvolvimento para PS5, Kojima afirma que a recepção foi majoritariamente positiva. “Todos parecem estar positivos”, revelou. Apesar de ser uma boa notícia para a Sony e para os acionistas, ele admite que gostaria que a recepção fosse mais “controversa”.
Ele completa dizendo que, embora tenha o privilégio de criar com liberdade, ainda precisa cuidar da Kojima Productions e garantir que seus projetos não sejam um fracasso financeiro. “Preciso cuidar do meu estúdio, da minha equipe, do nosso orçamento de produção. Mas, em essência, não quero simplesmente recriar algo que já existe. Quero fazer algo novo.”
Entre a genialidade e a polarização
Kojima segue sendo uma figura que divide opiniões — algo que, pelo visto, ele considera essencial para a criação de algo verdadeiramente relevante. Ao rejeitar fórmulas de sucesso previsíveis e insistir em experiências diferentes, ele mantém viva uma chama rara na indústria de jogos: a coragem de falhar em nome da inovação.