Houve um tempo, em uma galáxia não tão distante assim, que Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker, mantinha uma relação mais reservada com o peso de seu papel na monumental franquia Star Wars. Recentemente, durante uma participação no programa “Fresh Air” da NPR, enquanto divulgava seu trabalho em “A Vida de Chuck”, o ator compartilhou memórias e reflexões sobre essa jornada, incluindo um momento crucial com a saudosa Carrie Fisher, que o ajudou a encarar seu destino intergaláctico.
O conselho de uma princesa: a anedota do Playbill e a aceitação do legado
Hamill relembrou uma ocasião em que Carrie Fisher, sua colega de elenco e amiga que imortalizou a Princesa Leia, assistiu a uma peça da Broadway na qual ele atuava. Ao folhear o Playbill (o programa da peça), Fisher notou uma omissão curiosa na biografia do ator: Star Wars não era citado diretamente. “No Playbill, na minha biografia, listei todos os meus créditos no teatro e, no final, dizia: ‘Ele também é conhecido por uma série de filmes espaciais populares'”, contou Hamill.
A perspicaz Fisher não deixou passar. “‘Qual é o problema? Por que você não mencionou Star Wars?'”, questionou ela. Hamill explicou sua intenção: “‘Bem, quero mostrar que tenho um currículo que inclui muitos créditos no teatro'”. A resposta de Fisher foi direta e transformadora: “‘Ei, supere isso. Você é Luke Skywalker, eu sou a Princesa Leia. Aceite isso.'” O ator admitiu que as palavras dela o fizeram “meio que entender o que ela quis dizer” e que Fisher “foi alguém que meio que colocou isso em perspectiva para mim”.
Entre o palco e as galáxias: a antiga relutância em abraçar o fenômeno
A hesitação inicial de Hamill em destacar seu papel como Luke Skywalker em contextos fora da ficção científica não era incomum. Muitos atores que alcançam fama estratosférica por um personagem icônico buscam, em algum momento, afirmar sua versatilidade e evitar o rótulo de um papel só. Para Hamill, com uma sólida carreira nos palcos, era compreensível o desejo de ser reconhecido também por seus talentos teatrais, dissociando-se, ainda que momentaneamente, da figura do herói Jedi que marcou gerações. A anedota revela um artista em busca de equilibrar a grandiosidade de um fenômeno cultural com sua identidade profissional mais ampla.
Gratidão pelo passado, mas olhos no futuro da saga
Apesar de sua longa e intrínseca história com Star Wars – que inclui participações especiais recentes como uma versão rejuvenescida de Skywalker em projetos como “The Mandalorian” –, Hamill parece decidido quanto a um possível retorno em larga escala à franquia. Em uma entrevista ao ComicBook.com, ele expressou seu ponto de vista de forma clara: os cineastas “deveriam se concentrar no futuro e em todos os novos personagens”.
Ele manifestou profunda gratidão ao criador George Lucas por tê-lo incluído “naquela época, nos humildes dias em que George chamava Star Wars de ‘o filme de baixo orçamento mais caro já feito'”. Hamill reconheceu: “Nunca imaginamos que se tornaria uma franquia permanente e parte da cultura pop dessa forma. Mas, na minha opinião, eu tive o meu tempo. Sou grato por isso.” Sua fala ressoa como um endosso à expansão do universo Star Wars para além dos Skywalker, abrindo caminho para novas narrativas e protagonistas.
