Meta anuncia mudanças no monitoramento de conteúdo: Zuckerberg adota modelo semelhante ao de Elon Musk

Mark Zuckerberg, diretor da Meta, anunciou nesta terça-feira (7) uma série de mudanças no monitoramento de conteúdo das plataformas Facebook, Instagram e Threads. As alterações visam ampliar a liberdade de expressão e reduzir a censura excessiva, indo ao encontro das iniciativas recentes do bilionário Elon Musk, proprietário do X (antigo Twitter), e do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Foco na liberdade de expressão e fim das agências de checagem

Zuckerberg destacou que o monitoramento excessivo, apesar de ser eficaz na remoção de conteúdos indesejados, como apologia a drogas e terrorismo, também afeta publicações legítimas, muitas vezes por questões políticas. Segundo ele, a solução será transferir parte desse controle para a própria comunidade, adotando o sistema de notas de comunidade, similar ao implementado no X por Musk.

Além disso, a Meta deixará de utilizar agências de checagem de fatos terceirizadas, priorizando a autorregulação por meio de denúncias feitas pelos próprios usuários. Filtros automáticos continuarão existindo, mas serão usados apenas em casos de conteúdos ilegais ou considerados muito graves, como pornografia infantil e incitação ao ódio.

Zuckerberg afirmou que o excesso de censura decorre de erros nos sistemas complexos de monitoramento, construídos ao longo dos anos por pressão de governos e da mídia. “Mesmo que apenas 1% das publicações sejam bloqueadas, estamos falando de milhões de pessoas sendo censuradas injustamente”, disse ele.

Relocação para o Texas e críticas ao viés político

Em uma decisão estratégica, a equipe de monitoramento de conteúdo será transferida da Califórnia para o Texas. O estado, governado por republicanos, possui políticas menos alinhadas ao identitarismo e menor influência de sindicatos, diferentemente da Califórnia, tradicional reduto do Partido Democrata.

A mudança ecoa a estratégia de Elon Musk, que também transferiu as sedes de suas companhias, X e SpaceX, para o Texas. Zuckerberg afirmou que a relocação contribuirá para a neutralidade no monitoramento de conteúdos, eliminando viés político das decisões.

Aliança com Trump e preocupação com censura global

No anúncio, Zuckerberg expressou preocupação com o aumento das práticas de censura em outros países, citando a Europa e a América Latina como regiões onde o controle sobre o discurso nas redes sociais tem se intensificado. “A única maneira de retroceder essa tendência global é com o apoio do governo americano”, afirmou o diretor, referindo-se à futura gestão de Donald Trump.

O empresário criticou o que chamou de “tribunais secretos” em alguns países da América Latina, que poderiam ordenar a remoção de conteúdos sem a devida transparência. Apesar da declaração, não há registros de tribunais secretos na região. No Brasil, por exemplo, decisões judiciais que determinam a remoção de conteúdos nas redes sociais têm sido atribuídas ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Zuckerberg destacou que, com o apoio do governo Trump, pretende pressionar outros países para proteger a liberdade de expressão e garantir que empresas americanas possam operar sem interferências indevidas.

Políticas de monitoramento mais simples e menos censura

A Meta simplificará suas políticas internas de monitoramento, eliminando barreiras que antes restringiam conteúdos relacionados a temas sensíveis, como imigração e gênero. Zuckerberg reconheceu que as políticas criadas inicialmente para tornar as redes sociais mais inclusivas acabaram sendo usadas para silenciar vozes discordantes.

“Eu quero garantir que as pessoas possam compartilhar suas crenças e experiências sem medo de serem censuradas”, declarou. O diretor também relembrou sua palestra na Universidade de Georgetown, há cinco anos, sobre a importância da liberdade de expressão, reiterando seu compromisso com essa causa.

Meta adota modelo semelhante ao X

Com as mudanças, a Meta segue uma linha semelhante à adotada pelo X após a compra por Elon Musk. Em 2022, Musk foi duramente criticado ao demitir equipes de monitoramento de conteúdo, optando por um modelo de autorregulação e redução da censura. Agora, Zuckerberg faz o mesmo movimento, extinguindo agências de checagem de fatos e adotando as notas de comunidade como ferramenta principal de monitoramento.

As alterações anunciadas por Zuckerberg sinalizam uma mudança significativa na política de moderação da Meta, que busca um equilíbrio entre liberdade de expressão e controle de conteúdos indesejados. Com a relocação da equipe para o Texas e a parceria com o governo Trump, a empresa pretende liderar uma nova abordagem em redes sociais, privilegiando a autorregulação e minimizando a interferência de governos e entidades externas.

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