“Thunderbolts”, a aposta da Marvel Studios para reacender o entusiasmo dos fãs com uma abordagem mais sombria e focada em anti-heróis, está se revelando um grande desafio financeiro. Projeções indicam que o filme, estrelado por nomes como Florence Pugh (Yelena Belova) e Sebastian Stan (Soldado Invernal), pode gerar um prejuízo superior a US$ 100 milhões para a Disney. O desempenho aquém do esperado, mesmo com uma recepção positiva do público, acende um alerta vermelho sobre a saúde do Universo Cinematográfico Marvel (MCU).

Bilheteria decepcionante: Os números que preocupam a Disney

Até o dia 26 de maio, “Thunderbolts” havia arrecadado US$ 174 milhões nos Estados Unidos e US$ 181 milhões no mercado internacional, totalizando apenas US$ 355 milhões globalmente. Embora pareça um montante considerável, relatórios da indústria estimam que o ponto de equilíbrio do filme (para cobrir custos de produção, marketing e distribuição) gira em torno de US$ 500 milhões. Com as projeções atuais, o longa dificilmente alcançará a marca de US$ 400 milhões, situando-se perigosamente próximo a outros resultados decepcionantes recentes do MCU, como “As Marvels” (US$ 205 milhões mundiais) e um pouco abaixo de “Eternos” (US$ 402 milhões), “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” (US$ 476 milhões) e “Capitão América: Admirável Mundo Novo” (US$ 415 milhões).

O paradoxo reside na recepção: enquanto “Admirável Mundo Novo” sofreu com críticas negativas e dividiu os fãs, “Thunderbolts” ostenta uma aprovação de 93% do público no Rotten Tomatoes e 63% no (fictício) “Criticless”, sugerindo que, desta vez, o público gostou do que viu. Então, por que os números não decolam?

O motor quebrado: Por que o “boca a boca” não salva mais a Marvel?

A resposta pode estar naquilo que historicamente foi a maior arma da Marvel: o “boca a boca” e o senso de evento. Produções medianas do estúdio frequentemente tinham suas carreiras nas bilheterias estendidas pelo burburinho nas redes sociais e pela natureza interconectada do MCU. Esse motor, no entanto, parece estar quebrado. “Thunderbolts” demonstra que mesmo um filme apreciado pelo público pode ter uma estreia modesta e continuar sem grande tração nas semanas seguintes.

Este é um sinal alarmante, pois sugere que a Marvel não está apenas lidando com a fadiga de produções consideradas mais fracas, mas com uma erosão fundamental na confiança e no interesse do público geral. A falha do boca a boca em impulsionar o crescimento pode ser a tendência mais perigosa para a Disney atualmente, transformando um estúdio antes movido por um ímpeto cultural quase imparável em um lançador de filmes que rapidamente desaparecem da consciência popular.

A Fase Cinco e a franquia que “esqueceu como vencer”

Bob Iger, CEO da Disney, já admitiu que a Marvel Studios pode ter se expandido excessivamente, inundando o mercado com muitos títulos em pouco tempo e, talvez, com menos cuidado na qualidade. “Thunderbolts”, com sua proposta de uma narrativa mais enxuta e focada em personagens moralmente ambíguos, deveria ser parte da solução. Em vez disso, tornou-se um exemplo preocupante.

A Fase Cinco do MCU foi vendida como um recomeço, mas os resultados têm sido desanimadores: “Quantumania” falhou em estabelecer Kang como uma ameaça do nível de Thanos; “Admirável Mundo Novo” tropeçou na transição do escudo do Capitão América; e “Thunderbolts”, que prometia agitar as coisas, parece ter sumido sem deixar grande impacto.

Quarteto Fantástico como última esperança? O futuro incerto do MCU

Toda essa conjuntura aumenta a pressão sobre a próxima grande aposta da Marvel: “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, previsto para o final deste verão (no hemisfério norte). O filme passou por reformulações recentes, com novos roteiristas e um tom renovado, buscando uma direção mais leve e otimista. Mas a questão que paira é: se “Thunderbolts” pode fracassar mesmo com um elenco popular, boa recepção do público e menos concorrência direta, o que isso diz sobre a capacidade de recuperação do MCU?

O fracasso de “Thunderbolts” não é apenas um deslize financeiro. Pode ser o indicativo mais claro de que a Marvel perdeu sua capacidade de reacender a empolgação em larga escala. A marca já não carrega o mesmo peso de antes, e o “medo de perder” (FOMO) que levava o público em massa aos cinemas parece ter se dissipado. 

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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