Após a confirmação de duas mortes e dezenas de internações por intoxicação em São Paulo, o metanol se tornou um grande alerta de saúde pública. Mas o que é essa substância e por que ela é tão periga?

O metanol (CH₃OH) é um tipo de álcool industrial, incolor e com cheiro muito semelhante ao do álcool comum (etanol), o que torna sua identificação em bebidas adulteradas quase impossível para o consumidor. Seu uso legítimo é na fabricação de biodiesel, solventes, tintas e produtos de limpeza. Ele nunca deve ser ingerido. A suspeita é de que criminosos estejam usando o metanol, que é mais barato, para “batizar” ou produzir de forma clandestina bebidas como gin, whisky e vodka.

Quais são os sintomas da intoxicação? De uma ‘ressaca’ à cegueira

A ingestão de metanol é uma emergência médica. Os especialistas alertam que os primeiros sintomas podem ser confundidos com uma embriaguez ou uma ressaca forte, como náusea, vômito, dor de barriga e confusão mental. No entanto, a evolução do quadro é o principal sinal de alerta.

Um dos efeitos mais devastadores e característicos da intoxicação por metanol é o dano ao nervo óptico, que pode levar à cegueira permanente. Uma das vítimas do surto em São Paulo, em um relato à Globonews, contou que ficou cega após consumir três caipirinhas em um bar. Em casos mais graves, a intoxicação leva à falência de múltiplos órgãos e à morte.

Como é o tratamento de emergência e a importância do tempo

Ao sentir qualquer sintoma suspeito após o consumo de bebida alcoólica, especialmente alterações na visão, a pessoa deve procurar um hospital imediatamente. O tempo é o fator mais crucial para a sobrevivência e para evitar sequelas graves.

“Você pode aliviar todos os efeitos se chegar ao hospital cedo o suficiente, e se o hospital tiver o tratamento necessário”, explica o professor especialista em toxicologia, Alastair Hay. O tratamento hospitalar pode incluir medicamentos específicos e diálise para filtrar o sangue do corpo.

Curiosamente, o “antídoto mais importante”, segundo os médicos, é o álcool comum (etanol), administrado de forma controlada no ambiente hospitalar. “O etanol atua como um inibidor competitivo, impedindo em grande parte a metabolização do metanol (…) permitindo que o corpo libere o metanol”, explica Hay. Essa técnica, no entanto, só funciona se aplicada rapidamente após a ingestão, reforçando a necessidade de buscar ajuda médica urgente.

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