Rachel Zegler está de volta aos holofotes, mas em um palco bem diferente daquele que vinha perseguindo. A estrela do conturbado remake de Branca de Neve agora vive Eva Perón em uma nova montagem de Evita, em Londres, e aproveitou a ocasião para oferecer uma nova e cuidadosamente construída narrativa sobre sua carreira: a de que sua saída de Hollywood não foi um fracasso, mas uma escolha própria, um nobre sacrifício por suas convicções.
Em uma nova entrevista, a atriz ri ao afirmar que retornou ao teatro “por vontade própria”, mas a declaração soa como uma defesa preventiva, um eco do familiar “você não pode me demitir, eu me demito”. Especialmente quando ela mesma admite que ficou sem rumo após o fim da divulgação de Branca de Neve. “Fiquei ali por um tempo pensando: ‘O que eu vou fazer?'”, conta. O retorno ao teatro, nesse contexto, parece menos uma decisão artística e mais um controle de danos — um recuo estratégico para a única arena que ainda parecia disposta a acolhê-la.
A carreira em Hollywood que estagnou
A trajetória de Zegler em Hollywood, que começou com um Globo de Ouro por Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, rapidamente perdeu o brilho. O aclamado musical foi um fracasso de bilheteria, e seus papéis seguintes, no blockbuster Shazam: Fúria dos Deuses e na prequela de Jogos Vorazes, também não tiveram o desempenho esperado. Então veio Branca de Neve. O remake se tornou um para-raios de polêmicas, alimentadas pelos próprios comentários da atriz zombando do clássico original e por seu ativismo político declarado.
O golpe final, segundo relatos, veio com uma publicação no X (antigo Twitter). Ao promover o trailer do filme, ela acrescentou a frase: “E lembrem-se sempre: libertem a Palestina”. A repercussão teria sido tão negativa que um produtor da Disney viajou para pressioná-la a apagar o post, o que ela se recusou a fazer.
A mártir incompreendida
Agora, em 2025, Zegler se reinventa sutilmente como uma voz moral incompreendida. Na nova entrevista, ela usa uma pulseira com as cores da bandeira palestina com os dizeres “cessar-fogo” e fala com eloquência sobre sua recusa em ser silenciada.
“Minha compaixão não tem limites”, diz ela. “Meu apoio a uma causa não denuncia nenhuma outra… Meu coração não tem uma cerca ao redor, e se isso for considerado minha ruína? Há coisas piores.” A frase resume a imagem que ela agora projeta: a da artista ativista, marginalizada não por mau julgamento, mas pela coragem de seus princípios. É um martírio calculado, servido com joias de grife e uma trilha sonora da Broadway.
Formalmente, Rachel Zegler não deixou Hollywood, mas, pela narrativa que ela agora constrói, foi Hollywood que a deixou.