O escritor peruano, autor de obras essenciais como A Festa do Bode e Conversa no Catedral, faleceu aos 89 anos em Lima
Mario Vargas Llosa, um dos maiores nomes da literatura latino-americana, morreu neste domingo (13), aos 89 anos, em Lima, Peru. O escritor, que foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 2010, deixa uma vasta obra literária que inclui romances, ensaios, peças de teatro e crônicas, além de uma legião de leitores ao redor do mundo. A informação foi confirmada por seus filhos em um comunicado à imprensa.
O legado literário de Vargas Llosa
Vargas Llosa, nascido em 28 de março de 1936, em Arequipa, no sul do Peru, é conhecido por sua profunda análise das realidades sociais e políticas de sua região. Suas obras, traduzidas para mais de 30 idiomas, o consolidaram como um dos principais autores do “boom latino-americano”, movimento literário dos anos 1960 e 1970, que também inclui nomes como Gabriel García Márquez e Julio Cortázar.
Entre seus livros mais célebres estão A Cidade e Os Cachorros (1963), A Casa Verde (1966), e Conversa no Catedral (1969), que lhe garantiram reconhecimento internacional. Ele também abordou temas históricos e políticos, como em A Guerra do Fim do Mundo (1981), que se tornou um clássico da literatura latino-americana.
Sua influência política e posições controversas
Além de sua carreira literária, Vargas Llosa foi um intelectual engajado, com posicionamentos políticos que frequentemente geraram controvérsias. Apoiador do liberalismo, ele criticou o populismo e regimes de esquerda, como o chavismo e o castrismo, e chegou a se candidatar à presidência do Peru em 1990, sendo derrotado por Alberto Fujimori. Sua visão crítica das realidades políticas da América Latina refletiu-se em suas obras e entrevistas, onde frequentemente se posicionava contra regimes autoritários e a opressão.
Reconhecimento e últimos anos
Em 2010, Vargas Llosa recebeu o Prêmio Nobel de Literatura por sua “cartografia das estruturas de poder” e por suas representações vigorosas da resistência e da revolta individual. Em suas palavras, o prêmio foi uma homenagem à sua obra literária mais do que às suas opiniões políticas. Em 2021, ele foi eleito para a Academia Francesa, tornando-se o primeiro escritor a ingressar na instituição sem nunca ter escrito em francês.
Nos últimos anos, o escritor continuou a produzir, publicando obras como O Herói Discreto e Tempos Ásperos. Sua obra também o manteve próximo dos leitores, com sua visão crítica e envolvimento com os temas de seu tempo.
Despedida e legado
Em um comunicado emocionante, os filhos de Vargas Llosa expressaram tristeza pela morte do pai, mas também celebraram sua vida longa e sua vasta produção literária: “Esperamos que sua obra o sobreviva”, disseram. A família pediu privacidade nesse momento de luto, revelando que, conforme a vontade do escritor, seus restos mortais serão cremados e não haverá cerimônias públicas.
A perda de Mario Vargas Llosa representa não apenas o fim de uma era da literatura latino-americana, mas também o término de uma vida dedicada ao debate intelectual e à criação literária. Seu legado será lembrado tanto por suas poderosas narrativas quanto por sua visão crítica do mundo.