Maduro antecipa celebrações de Natal na Venezuela em meio a críticas da Igreja e contexto político
Com luzes natalinas acesas, crianças fantasiadas de Papai Noel e shows musicais em diversas cidades, o governo de Nicolás Maduro deu início às comemorações de Natal na Venezuela no dia 1º de outubro. A antecipação, que se tornou uma prática comum desde que Maduro assumiu a presidência em 2013, coincidiu este ano com o anúncio de um mandado de prisão contra Edmundo González, ex-candidato presidencial da oposição.
A decisão de Maduro de adiantar o Natal, no entanto, não passou despercebida pela Igreja Católica. A Conferência Episcopal da Venezuela criticou a iniciativa, afirmando que a comemoração do Natal deve seguir o calendário tradicional e ser conduzida pelas autoridades eclesiásticas, sem ser utilizada para fins políticos. Em resposta, Maduro declarou que “o Natal pertence ao povo” e que as festividades continuariam até 15 de janeiro.
Celebrações em Caracas e críticas ao adiantamento
Em Caracas, a prefeita chavista Carmen Meléndez e o ministro da Cultura Ernesto Villegas participaram de uma cerimônia para acender a cruz do parque nacional Waraira Repano e a árvore de Natal da Praça Bolívar. Shows musicais também ocorreram em várias regiões do país, como nos estados de Miranda, Bolívar e Zúlia. Diosdado Cabello, um dos principais líderes do governo, ironizou as críticas, afirmando que a antecipação do Natal gerou incômodo apenas em “setores minoritários”, enquanto o povo aproveitava as festividades.
Antecipação do Natal: uma prática recorrente
Desde 2013, Maduro tem adiantado o início das celebrações natalinas como uma forma de, segundo ele, combater a “amargura” em tempos de dificuldades econômicas. No primeiro ano, o Natal foi antecipado para novembro em meio a uma crise de escassez de produtos básicos, como papel higiênico e alimentos, e a expectativa de falta de brinquedos e itens típicos da ceia natalina. Ao longo dos anos, essa antecipação se repetiu, com as festividades começando em outubro ou novembro, incluindo o adiantamento do 13º salário e a realização de feiras para venda de alimentos e presentes.
A estratégia de antecipar o Natal tem sido utilizada pelo governo como uma tentativa de promover otimismo entre a população, mesmo diante das adversidades econômicas e políticas que o país enfrenta. No entanto, o uso dessas festividades com uma conotação política continua a dividir opiniões.