A NVIDIA enfrenta uma possível perda de US$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre fiscal de 2026, após o governo dos Estados Unidos impor novas restrições à exportação de sua GPU H20 HGX AI para a China. As sanções, que visam conter o uso de tecnologia americana em supercomputadores chineses, também afetaram a AMD, mas de maneira menos severa.
Washington restringe exportações por risco de uso em supercomputadores
O Departamento de Comércio dos EUA justificou as novas regras afirmando que as especificações técnicas da GPU H20 — especialmente sua memória, largura de banda de interconexão e potencial de uso em supercomputação — representam riscos de segurança nacional, mesmo que o chip tenha sido projetado com limitações específicas para atender exigências anteriores.
Apesar da H20 HGX apresentar desempenho reduzido em IA e HPC em relação ao H100, as autoridades alegam que o produto pode ser desviado para uso em projetos sensíveis. Dessa forma, o acesso à GPU ficará indefinidamente condicionado à obtenção de licenças especiais.
Impacto bilionário e recuo nas ações
A NVIDIA, que havia produzido em larga escala a GPU H20 para o mercado chinês, agora se vê com estoques encalhados e compromissos de compra que não poderão ser honrados. No relatório mais recente, a companhia informou que poderá contabilizar até US$ 5,5 bilhões em despesas relacionadas ao estoque, reservas e compromissos de fornecimento.
Essa previsão derrubou as ações da empresa em 5,80% logo no início do pregão desta terça-feira. O primeiro trimestre fiscal da NVIDIA termina em 27 de abril de 2025, e os resultados devem refletir fortemente o impacto das sanções.
Mercado chinês reagiu antes das restrições
Empresas como Alibaba, ByteDance e Tencent chegaram a investir US$ 16 bilhões em GPUs H20 apenas no primeiro trimestre de 2025, antecipando-se à política americana de restrição, prevista para entrar em vigor em maio.
Mesmo com o desempenho reduzido para cargas FP64, as H20 ainda oferecem 96 GB de memória HBM3, largura de banda de 4 TB/s e conectividade NVLink de 900 GB/s, o que as torna competitivas para aplicações de inteligência artificial, motivo de sua popularidade no mercado chinês.
AMD também afetada, mas com impacto limitado
Além da NVIDIA, a AMD teve suas exportações do modelo Instinct MI308 limitadas pelo mesmo pacote de sanções. No entanto, como a AMD ainda não alcançou a NVIDIA em vendas de chips de IA, o efeito imediato sobre seus negócios é consideravelmente menor.
Esforços frustrados de lobby político
Segundo relatos, o CEO da NVIDIA, Jensen Huang, participou de um jantar com o presidente dos EUA com o intuito de evitar as restrições. O encontro, com ingressos de US$ 1 milhão por pessoa, não surtiu efeito, e as sanções seguiram conforme o plano do governo, herdado da gestão Trump.
Um novo capítulo na guerra tecnológica EUA-China
As restrições fazem parte de uma escalada nas tensões comerciais e tecnológicas entre EUA e China, que nesta semana também envolveu um aumento súbito de tarifas sobre produtos chineses para até 245%, sem aviso prévio. O impacto nas cadeias globais de suprimento e no mercado de semicondutores deve ser significativo.