Félicette: A gata que viajou ao espaço e fez história

Em 1963, Félicette se tornou um marco na história da exploração espacial ao se tornar a primeira e única gata a viajar ao espaço. Embora sua história tenha sido amplamente esquecida por décadas, sua contribuição para a ciência finalmente foi reconhecida, com a erguida de uma estátua em sua homenagem em 2019. O voo de Félicette, parte de um programa francês de pesquisa sobre os efeitos do voo espacial em organismos vivos, não recebeu a atenção merecida na época, mas se tornou um símbolo de coragem e sacrifício de animais na busca pelo avanço científico.

O histórico voo de Félicette

Félicette foi uma das 14 gatas resgatadas das ruas e treinadas pelo Centre d’Enseignement et de Recherches de Médecine Aéronautique (CERMA), da França. Após um rigoroso regime de treinamento que incluía testes de resistência a altas forças G e exposição a ruídos intensos, a gata foi escolhida para ser lançada ao espaço. Em 18 de outubro de 1963, ela foi colocada no cone de um foguete de sondagem Véronique AGI47, lançado da base de foguetes de Hammaguir, na Argélia.

O voo durou cerca de 15 minutos, e durante o percurso, Félicette experimentou 9,5 G de aceleração e passou cinco minutos na ausência de peso a uma altitude de 152 quilômetros. Os eletrodos implantados em seu cérebro transmitiram dados cruciais sobre os efeitos do voo espacial no sistema nervoso. Félicette sobreviveu ao voo e foi recuperada com sucesso. Porém, dois meses depois, foi sacrificada para que os cientistas pudessem analisar seu cérebro e concluir o estudo.

A falta de reconhecimento e o legado de Félicette

A mídia e o público em geral não deram a Félicette o reconhecimento que ela merecia, especialmente quando comparada a outros animais espaciais como o chimpanzé Ham ou a cadela Laika. Os cientistas franceses enfrentaram resistência devido ao impacto visual das imagens de Félicette com os eletrodos saindo de seu crânio, e o movimento pelos direitos dos animais estava ganhando força na época.

Embora o voo de Félicette tenha sido um feito importante, a França não fez grande divulgação do evento. Com o tempo, o nome da gata foi quase esquecido, mas a sua contribuição à ciência não passou despercebida para aqueles que reconhecem a importância de animais na exploração espacial.

A homenagem tardia e a estátua de Félicette

Após mais de 50 anos de anonimato, a história de Félicette começou a ganhar o reconhecimento que merecia. Em 2017, uma campanha de crowdfunding foi iniciada para erguer uma estátua em sua homenagem, e com a ajuda de £ 40.000 arrecadados por meio do Kickstarter, uma estátua de bronze foi projetada pelo escultor Gill Parker. A estátua, que retrata Félicette olhando para os céus, foi inaugurada em dezembro de 2019 na Universidade Espacial Internacional, em Estrasburgo, França.

Embora Félicette tenha sido apenas uma das muitas criaturas usadas para estudar os efeitos do voo espacial, sua missão simboliza não só a coragem de um animal, mas também o sacrifício em nome do progresso científico. Ela permanece como um ícone silencioso da exploração espacial, lembrada finalmente por sua contribuição valiosa para a ciência.

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