Longa independente de Sean Baker se destaca após escândalos e premiações decisivas
A temporada do Oscar 2025 foi uma das mais imprevisíveis da memória recente. Entre incêndios devastadores em Los Angeles e a implosão de um dos principais concorrentes devido a um escândalo pós-indicações, o prêmio de Melhor Filme acabou indo para Anora, um drama independente de US$ 6 milhões dirigido por Sean Baker. A produção levou cinco estatuetas, incluindo Melhor Filme, Direção, Atriz (Mikey Madison), Roteiro Original e Edição.
A ascensão de Anora
A trajetória de Anora começou no Festival de Cannes, onde venceu a Palma de Ouro. Embora essa conquista nem sempre garanta sucesso no Oscar, a vitória chamou a atenção da indústria para um filme com elenco desconhecido e um diretor aclamado, mas até então pouco reconhecido pela Academia.
A distribuidora Neon replicou sua estratégia de Parasita (2019), relançando Anora nos festivais de Telluride, Toronto e Nova York, além de investir em uma forte campanha com exibições e debates. O filme, que inicialmente estreou em apenas seis salas, acumulou quase US$ 41 milhões globalmente, consolidando-se como um dos favoritos.
Escândalos e reviravoltas mudam o jogo
Apesar da força de Anora, a corrida pelo Oscar parecia favorecer Emilia Pérez, da Netflix, que recebeu 13 indicações. No entanto, um escândalo envolvendo postagens antigas da protagonista Karla Sofía Gascón prejudicou gravemente a campanha do filme.
Enquanto isso, Anora conquistou prêmios cruciais nas semanas finais, incluindo o Critics Choice Award, o Producers Guild Award e o Directors Guild Award, o que solidificou sua posição como favorito.
Impacto da nova Academia no resultado
Desde o movimento #OscarsSoWhite, a Academia passou por mudanças significativas, tornando-se mais diversa em raça, gênero, idade e geografia. Esse novo perfil de votantes demonstrou maior abertura para filmes independentes e narrativas não convencionais. Nos últimos anos, produções como Moonlight, Parasita e Everything Everywhere All at Once já haviam quebrado padrões tradicionais do Oscar — e Anora seguiu essa tendência.
Mikey Madison vence Melhor Atriz em disputa acirrada
A performance de Mikey Madison foi essencial para o sucesso de Anora. A jovem atriz venceu prêmios importantes como o BAFTA e o Spirit, e apesar da forte concorrência de Demi Moore (The Substance), garantiu o Oscar de Melhor Atriz.
Adrien Brody conquista segundo Oscar, e Zoe Saldaña brilha como coadjuvante
Outros vencedores da noite incluíram Adrien Brody, que levou seu segundo Oscar por The Brutalist, e Zoe Saldaña, premiada como Melhor Atriz Coadjuvante por Emilia Pérez. Kieran Culkin, de A Real Pain, levou Melhor Ator Coadjuvante.
Na categoria de Melhor Filme Internacional, o Brasil brilhou com I’m Still Here, que superou Emilia Pérez e manteve o forte desempenho visto no Globo de Ouro e no BAFTA.
Distribuidoras e prêmios: quem levou mais?
A Neon foi a grande vencedora da noite, com cinco estatuetas. Já a A24 levou três Oscars por The Brutalist, enquanto a Netflix, que chegou à premiação com 18 indicações, saiu com apenas três prêmios.
Entre os destaques ainda estavam Dune: Part Two, que venceu Efeitos Visuais e Som, e Wicked, que garantiu Melhor Figurino e Direção de Arte.
Fim da temporada: rumo ao Emmy
Com a cerimônia de 2025 encerrada, a atenção da indústria já se volta para a temporada do Emmy. Enquanto isso, Anora entra para a história como mais um filme independente que conquistou Hollywood — uma vitória improvável, mas incontestável.