A música popular brasileira perdeu uma de suas vozes mais potentes e corajosas. A cantora Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, após uma batalha de dois anos contra as complicações de um câncer no intestino. A artista estava nos Estados Unidos nos últimos meses, onde realizava um tratamento experimental contra a doença, após ter esgotado as possibilidades terapêuticas no Brasil.
A notícia da morte de Preta Gil, uma figura amada pelo público por sua autenticidade, alegria e força, gerou uma onda imediata de comoção e luto entre fãs, amigos e a classe artística em todo o país.
Uma batalha pela vida
A jornada de Preta Gil contra o câncer foi acompanhada de perto por milhões de brasileiros. Ela foi diagnosticada com um adenocarcinoma na porção final do intestino (reto) em janeiro de 2023. Desde o início, a cantora optou por compartilhar cada etapa de seu tratamento de forma transparente e corajosa, tornando-se um símbolo de resiliência.
Após um tratamento inicial com quimioterapia e radioterapia, ela passou por uma cirurgia bem-sucedida para a remoção do tumor. No entanto, a doença retornou de forma agressiva no segundo semestre de 2024, com seis novos focos identificados no peritônio e no sistema linfático. Em dezembro daquele ano, ela foi submetida a uma cirurgia de altíssima complexidade, que durou 21 horas, para a retirada dos novos tumores.
Como resultado deste último procedimento, a cantora passou a usar uma bolsa de colostomia de forma definitiva, um processo de adaptação que ela também compartilhou com o público, sempre com uma mensagem de gratidão e autoaceitação. “Eu sou muito grata a ela por isso, estou me acostumando”, disse ela na época.
Símbolo de força e representatividade
Filha do ícone da música brasileira Gilberto Gil, Preta Gil construiu uma carreira sólida e autêntica, que sempre foi muito além da música. Com sua voz potente e sua presença de palco contagiante, ela se tornou uma das artistas mais queridas de sua geração.
Ao longo de sua trajetória, ela também se consolidou como uma voz importante na luta contra o preconceito, defendendo a positividade corporal, o empoderamento feminino e os direitos da comunidade LGBTQIA+. Sua decisão de tornar pública sua batalha contra o câncer foi mais um ato de coragem, inspirando milhares de pessoas que enfrentavam a mesma doença a não desistirem e a buscarem apoio.
A partida de Preta Gil deixa um vazio imenso na cultura brasileira. Seu legado, no entanto, permanece vivo não apenas em suas canções, mas na força e na autenticidade com que viveu e enfrentou cada um de seus desafios.