Designer de jogos da Sweet Baby Inc. expressa opiniões sobre a indústria de games em apresentação polêmica

Camerin Wild, designer narrativo e leitor de sensibilidade na empresa Sweet Baby Inc., causou controvérsia com declarações feitas durante a The Game Developers of Color Expo. Em uma apresentação intitulada “Como fugir de um assassinato subvertendo as expectativas do gênero”, Wild discutiu suas perspectivas sobre a indústria de jogos e o papel da representatividade, trazendo à tona o debate sobre diversidade e a influência das narrativas no setor.

Wild, que já trabalhou em títulos como “Tales of Kenzera: Zau”, “Suicide Squad: Kill the Justice League”, “Alan Wake II“, “The Crew: Motorfest”, “Kingdom Eighties” e “God of War: Ragnarök”, afirmou que as histórias contadas nos jogos vão além do entretenimento e refletem debates e valores coletivos. Ele expressou o desejo de promover narrativas mais inclusivas e representativas na indústria de jogos, mencionando que acredita que o “espaço onde a branquitude não precisa viver é onde algumas das melhores histórias são contadas”.

Posição sobre o papel das histórias e a influência da branquitude

Em sua apresentação, Wild afirmou que muitos desenvolvedores de jogos que lutam por narrativas inclusivas frequentemente enfrentam desconforto, mas é nesse ambiente que, segundo ele, as melhores histórias de gênero são criadas. Ele também destacou a importância de se abordar questões de identidade e representatividade ao criar personagens e enredos.

Wild utilizou filmes como “Blazing Saddles”, de Mel Brooks, como exemplo de um trabalho que aborda desigualdades sociais de forma consciente, com humor que não ridiculariza, mas sim reflete as experiências de grupos marginalizados. Ele elogiou a abordagem do filme por trabalhar com roteiristas negros e garantir que o humor fosse dirigido de maneira crítica à branquitude, contribuindo para a libertação de grupos oprimidos.

Críticas a Tarantino e ao filme “Django Livre”

A apresentação de Wild também trouxe críticas contundentes ao filme “Django Livre”, de Quentin Tarantino. Ele argumentou que a abordagem de Tarantino, ao explorar temas raciais, é marcada por uma “mentalidade de sem dor, sem ganho”, que, segundo Wild, está enraizada em valores patriarcais da supremacia branca. Na visão de Wild, Tarantino busca explorar tragédias humanas sem uma compreensão profunda do crescimento que também pode surgir da alegria e da experiência.

Wild sugeriu que certas histórias, como a de “Django Livre”, não são adequadas para serem contadas por cineastas que não fazem parte da comunidade negra, a menos que estejam dispostos a deixar seu próprio ego de lado e se concentrar em contar uma narrativa autêntica e representativa.

Conclusão da apresentação e reflexões sobre representatividade

No encerramento de sua apresentação, Wild destacou que a construção de uma boa narrativa de gênero começa com uma equipe criativa diversa e representativa. Ele enfatizou que a identidade dos personagens, especialmente dos heróis, deve ser central para definir os desafios e triunfos da história. Para Wild, a representatividade na equipe de desenvolvimento é essencial para criar histórias que reflitam a diversidade das experiências humanas e tragam autenticidade para a indústria de jogos.

A postura e as declarações de Camerin Wild refletem um debate em andamento na indústria de games sobre a necessidade de diversidade e inclusão nas narrativas, e sua apresentação certamente continuará alimentando discussões sobre o papel das histórias e da representatividade no mundo dos jogos.

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