A saúde mental tem uma história sombria na Dinamarca. Um estudo de 2014 sugere que 40% das mulheres dinamarquesas e 30% dos homens receberam tratamento para um distúrbio de saúde mental em algum momento de suas vidas.

Mais de 60 anos atrás, a lobotomia era um procedimento comum realizado sem o consentimento dos pacientes ou de seus familiares. Em 1945, ano em que a paz chegou à Dinamarca após a Segunda Guerra Mundial, dois médicos criaram o Instituto de Patologia Cerebral em Risskov, com a ideia de remover e preservar os cérebros daqueles que morreram em hospitais psiquiátricos para que pudessem ser estudados no futuro.

Isso levou à criação da maior coleção de cérebros do mundo, com 9.479 cérebros humanos preservados em formaldeído, retirados de pacientes que morreram entre 1940 e 1980. Muitos dos cérebros foram retirados sem o consentimento dos pacientes, que na época tinham poucos direitos e, às vezes, eram submetidos a tratamentos sem aprovação. A coleção teve que parar por questões financeiras em 1982 e foi transferida para Odense em 2017.

A mudança trouxe à tona a existência da coleção, que havia sido mantida em segredo da sociedade dinamarquesa. A descoberta desse banco de cérebros deu início a um dos primeiros debates sobre ciência ética na Dinamarca e sobre um assunto que esteve à margem por anos: a saúde mental. Muitos argumentaram que manter a coleção não era aconselhável do ponto de vista ético, já que os cérebros foram coletados sem o consentimento dos pacientes e seus familiares.

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