A volta de Jimmy Kimmel Live! à programação da ABC, marcada para a noite desta terça-feira (23), será incompleta. Dois dos maiores grupos de emissoras de TV dos Estados Unidos, a Sinclair e a Nexstar, que juntas controlam 67 estações afiliadas à ABC, anunciaram que não exibirão o programa. A decisão de manter o boicote significa que o talk show não chegará a cerca de 25% da audiência de TV do país.
O impasse representa um novo e tenso capítulo na crise que começou na semana passada, após comentários polêmicos de Jimmy Kimmel sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. A atitude das afiliadas mostra uma clara rebelião contra a decisão da Disney, dona da ABC, de trazer o apresentador de volta ao ar.
O boicote continua: a posição da Nexstar e Sinclair
Na manhã desta terça-feira, a Nexstar confirmou que manterá a suspensão do programa. “Mantemos essa decisão até termos a garantia de que todas as partes estão comprometidas em promover um ambiente de diálogo respeitoso e construtivo”, afirmou a empresa em nota. A Sinclair, que controla 38 afiliadas, já havia anunciado uma decisão similar na segunda-feira. Ambas as empresas substituirão o talk show por “programação jornalística”.
A Nexstar ainda deu uma alfinetada na Disney, observando que o programa “estará disponível em todo o país em diversos produtos de streaming de propriedade da Disney”, sugerindo que o problema é da controladora, e não das emissoras locais.
A decisão da Disney de trazer o programa de volta
A volta do programa à grade nacional da ABC acontece após uma forte pressão da comunidade de Hollywood em defesa do apresentador. Na segunda-feira, a Disney anunciou o fim da suspensão.
“Na quarta-feira passada, tomamos a decisão de suspender a produção do programa para evitar agravar ainda mais a situação tensa”, disse o comunicado da empresa. “Passamos os últimos dias conversando com Jimmy e, após essas conversas, tomamos a decisão de retornar o programa na terça-feira.”
Relembre a crise que abalou a TV americana
Toda a crise começou na semana passada, após um monólogo de Jimmy Kimmel. Na ocasião, ele sugeriu que o movimento “MAGA”, de Donald Trump, estaria tentando se dissociar do atirador que matou Charlie Kirk. A fala gerou uma reação imediata do presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, que ameaçou tomar medidas contra as afiliadas da ABC.
A pressão do órgão regulador e a rápida revolta das afiliadas, lideradas por Sinclair e Nexstar, levaram à suspensão original do programa pela ABC, em um dos casos mais emblemáticos de colisão entre entretenimento, política e poder corporativo da história recente da TV americana.