Mesmo que o PlayStation 5 já tenha virado um meme pela quantia significativa de remasters, é um fato que essa movimentação do baú de títulos acaba ajudando a confirmar o brilhantismo de certos títulos da Sony. Anunciado há poucas semanas, Horizon Zero Dawn Remastered já está entre nós e, apesar da desconfiança dos fãs, se trata mais uma vez de um ótimo título.
Na verdade, faço das palavras do analista da Digital Foundry, também as minhas: chamar o resultado apresentado da Nixxes de um mero remaster trata-se de um eufemismo. O time de desenvolvimento deste estúdio é tão bom que entregou praticamente um remake por um custo muito modesto para o jogador realizar o upgrade para a nova versão.
A Aloy do Passado, hoje
Apesar de ser uma franquia imensa, Horizon não se trata da propriedade intelectual mais amada dos fãs do PlayStation. Muito disso se dá por conta da falta de carisma de Aloy, heroína protagonista desse universo.
É inegável que uma das reclamações mais contundentes em relação ao jogo original em 2017 envolviam as fracas animações faciais e as interações robóticas com NPCs. A Nixxes resolveu retrabalhar todos os diálogos e interações para entregar algo totalmente novo.
De fato, as diferenças são claras como a água e o inimaginável acontece: a Aloy de Zero Dawn, na verdade, é bastante carismática e interessante, sem o tom estoico e pedante que atrapalha tanto simpatizar com a personagem em Forbidden West. A história de origem também funciona melhor do que a busca pelas inteligências artificiais restantes na sequência.
Há uma relação mais palpável com a heroína, uma exilada indesejada que luta para entender seu lugar no mundo até descobrir a verdade derradeira no final do jogo. A Nixxes conseguiu, seguramente, fazer a narrativa brilhar e atingir seu potencial ao consertar as animações e interações da personagem.
Até mesmo as conversas com NPCs estão melhores, com novos enquadramentos e ações ocorrendo enquanto o diálogo é performado. Os modelos foram significativamente melhorados e diversificados do mesmo modo.
Só que o remaster de Zero Dawn adiciona bem mais melhorias do que apenas essas tão importantes. Na verdade, o jogo está a altura do nível gráfico de Forbidden West, uma verdadeira façanha.

Extreme makeover
É evidente que a Guerrilla já havia criado uma obra belíssima e impressionante em 2017. Com o avanço da tecnologia e a magia do código da Nixxes, é surpreendente o salto que o remaster entrega.
A primeira mudança notável é a vegetação, muito mais densa, que usa diversos assets de Forbidden West além da tecnologia nova de colisão. Agora 90% das plantas reagem à movimentação de Aloy e só algumas poucas que acabam atravessando a personagem. Isso inclui também efeitos de tesselação e clima em Aloy, cujos cabelos reagem ao vento e as roupas acumulam neve em locais altos.
O mapa ficou mais vivo e exuberante, tornando a exploração ainda mais agradável. A iluminação também foi retrabalhada, corrigindo problemas de oclusão ambiental em diversas cavernas, caldeirões e cidades que o jogador visita.
O mesmo ocorre com a água e as nuvens, também puxadas do último jogo. Embora os rios não tenham a mesma qualidade de Forbidden West, as melhorias são nítidas já que o game original sempre teve uma apresentação lodosa e feia dessas partes, sem qualquer transparência.
Como esperado, tudo recebeu um upgrade vasto de texturas em resolução de 4K. O jogo tem três modos no PlayStation 5 sendo qualidade a 30fps, o meio termo a 40 fps e o de desempenho que entrega mais de 60fps em diversas ocasiões para televisores com tecnologia VRR (no PS5 Pro o framerate deve ser ainda mais alto e fico feliz da Nixxes ter deixado o fps destravado para o game ser aproveitado em gerações futuras). A resolução do jogo cai conforme se altera os modos de reprodução, sendo o performance o melhor já que as diferenças gráficas são mínimas.
Outras novidades incluem todo o trabalho de interface que se inspira 100% na UX de Forbidden West, tornando os dois um só produto. Por fim, há a integração completa com o DualSense, apresentando os mesmos recursos de vibração, feedback háptico, gatilhos adaptáveis e efeitos sonoros já vistos também na sequência.
Uma aventura a ser redescoberta
Horizon Zero Dawn Remastered é o maior projeto já realizado pela Nixxes, um dos melhores estúdios que a PlayStation possui em seu catálogo de empresas. Perfeccionistas ao extremo, o jogo só reafirma a competência dos profissionais de renome, mais se assemelhando a um remake do que um remaster propriamente dito.
O game segue extremamente divertido pela sua jogabilidade que não envelheceu nada e o frescor visual das novas cinemáticas, animações faciais e performances, dão outra perspectiva para uma história que era boa, mas que agora se torna ótima e superior a da sequência. Para quem nunca jogou antes, trata-se de uma oportunidade perfeita para explorar o futuro pós apocalíptico que Aloy vive.
Até mesmo para quem já explorou o jogo em 2017 ou dos maiores fãs, é um convite excelente para redescobrir essa história de origem. Custando apenas 50 reais, esse upgrade é uma verdadeira bagatela que deve ser aproveitada sem pensar duas vezes.
Agradecemos a PlayStation pela cópia gentilmente cedida para a realização desta análise.