Marvel ‘s Spider-Man 2 saiu para PC recentemente. Em geral, como aqueles que jogaram no PS5 sabem, se trata de um bom jogo que aprimora alguns aspectos dos lançamentos anteriores do cabeça de teia nos videogames. Mas, infelizmente, o port da Nixxes sofre com problemas técnicos relativamente graves já que alguns chegam até mesmo a congelar o PC do usuário. Como a PlayStation tem uma tradição de trazer bons ports, é importante salientar que se trata de uma exceção à regra e, ainda assim, o jogo está em um melhor estado que o do lançamento de The Last of Us para PC, por exemplo.
Embora Marvel ‘s Spider-Man 2 mantenha toda a qualidade visual e a fidelidade à narrativa que marcaram o título no PlayStation, a adaptação para PC tem enfrentado críticas severas por problemas técnicos. Mesmo jogadores com hardware de ponta relatam uma experiência abaixo do esperado.
Problemas no paraíso
Sempre considerei estes jogos do Homem-Aranha de mundo aberto muito relaxantes, é uma experiência um tanto terapêutica se balançar por Nova York em teias assim como o super-heroi, sonho de muitas crianças, eu inclusive. No entanto, essa experiência acaba sendo bastante frustrada por crashes e bugs quando jogamos no PC da maneira que o jogo se apresenta agora em seu lançamento.
Eu raramente consigo passar de uma hora com o jogo ininterrupto. Sempre acontecia um crash para atrapalhar a experiência. Mesmo em PCs que atendem – e até superam – as especificações recomendadas, o jogo apresenta crashes constantes. Há relatos de que o jogo sequer permite avançar do menu principal em algumas ocasiões.
Acontecem também muitos stutters, às vezes chegando a congelar por alguns momentos. Meu PC tem configuração intermediária, mas há relatos que em sistemas com configurações robustas (como com uma RTX 4070 SUPER e um Ryzen 7 5700X), os jogadores constataram uma média de 45–60 FPS, com variações abruptas que comprometem a fluidez da experiência.
Além dos problemas de performance, há relatos de erros nas cinemáticas – desde falhas de sincronização de áudio até personagens apresentando bugs visuais, o que prejudica a imersão na narrativa.
O que ajuda é desativar recursos avançados, como o ray tracing, sendo a única maneira de reduzir os crashes, o que evidencia uma otimização insatisfatória para o PC. Caso queira uma experiência com altas taxas de quadro em 4k talvez apenas a 4090 e as novas placas superiores da série 50 da NVIDIA deem conta. No entanto, mesmo usuários dessas placas de ponta apontam problemas. Isso configura um problema de software que talvez seja corrigido no futuro.
Em outro sistema de testes, munido de uma 4090, os problemas também são perceptíveis. Mesmo com alguns ajustes nas configurações, o jogo não conseguiu atingir mais de 100 fps mesmo com a geração de frames ativa em 4K. Para conseguir alta fidelidade gráfica mais o melhor do ray tracing aperfeiçoado, o jeito foi implementar manualmente o DLSS 4 e ativar o REbar. Assim, muitos problemas de engasgos, altas quedas de frames e crashes foram mitigados, além de atingir uma estabilidade de 90 fps em 4K.
Nota-se também a falta de algumas poucas texturas de efeitos e alguma falha esquisita na oclusão ambiental que ainda é inferior às versões do PS5 – o que é bastante bizarro já que o jogo, em geral, é um upgrade notório da versão original de console, trazendo texturas muito superiores e efeitos ray tracing de última geração. É raro a Nixxes lançar algum produto com esses problemas, então lamento bastante.
Retorno dos Homens-Aranha
Em geral, a jogabilidade é bem satisfatória. O jogo traz diversas melhorias em relação aos anteriores. Agora é possível controlar dois Homens-Aranha, Peter Parker e Miles Morales. Eles possuem algumas diferenças entre si em relação às habilidades. No início Peter possui habilidades em que utiliza o gadget especial das patas metálicas de Aranha e mais tarde, ele ganha habilidades relacionadas ao simbionte. Miles por sua vez possui habilidades elétricas do seu “veneno”.
O combate também está mais variado em possibilidades. Enquanto que no primeiro jogo da Insomniac era possível apenas se esquivar dos ataques, aqui também temos um sistema de parry que adiciona mais dinamicidade nos embates.
Além disso, enquanto só podíamos contar com os gadgets para auxiliar nos combates e apenas uma habilidade especial que vai sendo preenchida com o tempo, neste jogo temos quatro, aliás 5 se contarmos com a habilidade especial que ativamos ao apertar R3 e L3 combinados. No caso de Peter, ele entra em uma espécie de modo berserker com o simbionte, já Miles faz a eletricidade do veneno explodir, causando grande dano.
As mecânicas de navegação também tem novos elementos que a deixam ainda melhor do que nos jogos anteriores. Temos agora uma espécie de wingsuit que nos faz planar sobre a cidade, às vezes dando uma impressão de que estamos voando por Nova York e além de nos sentirmos como o Homem-Aranha, também temos uma leve pitada de Superman por causa disso (ou qualquer outro heroi voador). Há também o slingshot, em que Miles e Peter posicionam as teias de modo a lançá-las como um estilingue. A sensação de fazer isso é sempre bem satisfatória.
As áreas acessíveis de Nova York também tiveram adições. Enquanto que nos jogos anteriores tínhamos apenas Manhattan para explorar, agora também temos outras partes como Astoria, Little Odessa e Queens. Cada um dos bairros tem atividades secundárias que complementam o jogo e adicionam mais algumas horas de diversão para além do conteúdo principal.
Enfrente sua sombra em Spider-Man 2
Neste jogo temos a presença de duas figuras ilustres do universo do Aranha que ainda não tinham dado as caras nos jogos da Insomniac: Kraven e Venom. Esses dois vilões proporcionaram algumas das melhores histórias do Homem Aranha nos quadrinhos e quem sabe seja possível dizer que figuram entre as melhores da Marvel em geral. A presença desses dois personagens então contribui imensamente para a história do jogo.
A Insomniac tomou algumas liberdades para trazer novas versões dos personagens. Kraven nos quadrinhos é uma espécie de Rambo combinado com Predador, em que ele gosta de caçar sozinho suas presas, sempre buscando se provar como o melhor caçador e sua principal presa geralmente é o Homem-Aranha, o desafio que ele considera ideal.
Neste jogo, Kraven também gosta de caçar presas poderosas, mas possui um exército inteiro para auxiliá-lo. O caçador está doente e morrendo, mas não deseja ser morto por uma doença e está ansioso para conhecer alguém que possa derrotá-lo em um combate até a morte. Alguns desses elementos são tirados de um dos maiores arcos dos quadrinhos, “A Última Caçada de Kraven”.
Venom é outro vilão icônico, que tem origem no alienígena parasita simbionte. Quando o simbionte está presente na história, podemos ter certeza que algum personagem vai enfrentar seu eu sombrio, geralmente o próprio heroi. Este é um tema psicológico que sempre achei um tanto interessante. O Homem-Aranha sempre foi poderoso, com o simbionte ficando ainda mais e ele acaba deixando isso subir à cabeça, alterando seu comportamento para pior, Peter começa a tratar as pessoas com desdém. Claro que existe alguma influência externa do alienígena, mas também revela um lado do Aranha que ele preferia manter escondido.
A Insomniac criou um Venom um tanto diferente dessa vez. Ele tem menos fraquezas, se resumindo a apenas sons de altas frequências e está muito mais forte. O hospedeiro também é um personagem que geralmente não é associado ao alienígena, o melhor amigo de Peter Parker, Harry Osborn. No jogo, Harry possui uma doença incurável e o único jeito que seu pai, Norman, encontra para salvá-lo é colocando o ser alienígena em seu próprio filho.
Miles possui um antagonismo interessante, com Martin Li, o Sr. Negativo, que matou seu pai no primeiro jogo da série da Insomniac. Miles está em um dilema onde busca vingança e pode ser corrompido por isso, enquanto o vilão se arrepende e busca a redenção pelos seus atos. Ambas as representações das situações dos personagens abrem precedentes para uma discussão interessante.
A história tem partes bem interessantes, mas também tem alguns diálogos esquisitos e questionáveis. Por vezes entra em assuntos que tentam levar a frente uma agenda política da esquerda americana que não faz a história ficar mais interessante para a maioria do público que procura jogar esse jogo e interessa apenas uma pequena minoria. E como já diz o ditado, quem procura agradar todo mundo, acaba não agradando ninguém.
Conclusão
Já faz algum tempo que sabemos que Marvel ‘s Spider-Man 2 é um bom jogo que traz elementos bem interessantes no gameplay e na narrativa. Mas infelizmente como port para PC o jogo decepciona com uma série de bugs, travamentos e crashes que deixam a experiência que deveria ser boa e relaxante, em uma frustração completa. Eu recomendaria esperar um patch que corrija a maior parte dos problemas.
Agradecemos à PlayStation pela cópia gentilmente cedida para a realização desta análise.