Metaphor: ReFantazio é o mais novo JRPG da Atlus, famosa pela franquia Shin Megami Tensei e principalmente pelo seu spin off, a popular série Persona. O jogo é desenvolvido por alguns dos principais nomes envolvidos em Persona, como Katsura Hashino e Shigenori Soejima. Desde o lançamento de Persona 5, os desenvolvedores vinham dizendo que queriam experimentar algo diferente, um jogo com elementos mais fantásticos e este foi o resultado.
Uma nova fantasia
Quem já está acostumado com Persona, não vai estranhar muito o gameplay de Metaphor: ReFantazio. Logo no início você dá nome ao protagonista do jogo. Em seguida é colocado em um ambiente hostil e aprende os fundamentos do combate, que por sua vez é similar ao de muitos jogos da Atlus. É possível analisar os inimigos antes de engajar nos combates. Quando os escaneia, os que estão em vermelho é porque estão em um nível acima, os de amerelo, em um nível similar e os de azul em nível inferior.
Aqueles que estão em nível inferior podem ser derrotados apenas atacando antes de engajar em combate de turnos. Os outros podem ser abordados antes dessa forma mas o combate em turnos se fará necessário. Mas caso o combo inicial acerte, o inimigo já começará ferido por um ataque preemptivo. O combate em turnos funciona de forma similar ao de Persona, existem os ataques básicos, os de “arquétipo” que são ataques elementais que podem atingir fraquezas do inimigo e ainda há ataques combinados de síntese, onde dois personages unem os esforços para desferir um ataque ainda mais poderoso.
Os arquétipos funcionam de uma maneira parecida com as personas, mas existem aspectos interessantes sobre essa mecânica. É possível trocar os arquétipos a qualquer momento do gameplay, eles funcionam como uma espécie de sistema de classes, existem os que são mais focados em magia, cura, os tanques e outros mais equilibrados. Conforme você vai aprendendo novas habilidades e arquétipos, gastando magla (que é utilizado para desbloquear e aprimorar arquétipos), o combate fica mais versátil e dinâmico.
Outra novidade no combate é a possibilidade de mudar a formação no combate. Deixando seu personagem na linha de frente, é possível desferir ataques mais fortes, no entanto ele fica mais vulnerável a ataques. A retaguarda é o contrário, o personagem fica com maior defesa e o ataque é mais fraco. Cabe ao jogador escolher o melhor posicionamento dos personagens disponíveis na party.
Muito como em Persona, você também criará vinculos com outros personagens em sua jornada. Cultivando esses vínculos é possível acelerar o desenvolvimento do seu personagem e aprender habilidades novas. Além disso ainda há os atributos que podem ser aprimorados fazendo certas atividades, como por exemplo, ouvir histórias de um NPC para aprimorar imaginação. Esses atributos devem ser sempre aumentados para que os links sociais evoluam.
No entanto, o jogador nunca deve esquecer que seus dias estão contados e ele deve administrar bem seu tempo para não negligenciar o objetivo principal enquanto cultiva as relações com os NPCs do jogo. Nas dungeons o jogador enfrentará verdadeiros desafios. O design dos cenários é ótimo, as masmorras estão bem variadas, foi-se o tempo de Persona 3 e 4, onde tudo parecia igual e o visual casa perfeitamente com o tema do jogo, provando mais uma vez que a direção de arte é mais importante que puro gráfico. Sem falar na estupenda trilha sonora de Shoji Meguro que complementa a ambientação.
Ao longo do jogo você também encontrará sidequests. Não é obrigatório realizá-las, mas caso o faça, será recompensado com dinheiro, experiência ou itens. Sidequests e diferentes atividades podem ser encontrados em cidades e neste jogo, o personagem pode “pilotar” uma espada como se fosse um skate para se locomover mais rapidamente. Infelizmente algumas dessas missões secundárias podem se tornar repetitivas e maçantes.

O sonho de um mundo melhor
Metaphor ReFantazio nos apresenta um mundo que é bem fantástico e absurdo em relação ao nosso mundo visto de uma perspectiva mais abrangente. Mas quando paramos para observar suas minúcias, percebemos que este mundo possui diversas similaridades com o nosso. Desigualdades e injustiças estão presentes no mundo de Elyria e compõem os principais temas do jogo.
Aqui você é um elda, uma das raças mais discriminadas nesse universo. O protagonista precisa então sempre lutar por reconhecimento apesar de seu nascimento baixo. Logo de cara percebemos que esse mundo é bem violento e sombrio, tratando-se de uma dark fantasy. Porém tenho que adiantar que não é exatamente o melhor trabalho da Atlus no quesito história que às vezes cai em uns clichês já bem manjados. A história possui elementos bem idealistas, porém, o jogo sabe disso e dos limites do idealismo com o qual e a força da história está nos excelentes personagens que nos são apresentados durante a jogatina.
O protagonista é acompanhado de uma fada, Gallica, que dá dicas para o jogador no caminho, além de ficar responsável por analisar os inimigos (possuindo um papel similar a Fuuka, Rise e Futaba nos jogos de Persona). Também nos acompanham os guerreiros Strohl e Hulkenberg que despertam o poder dos arquétipos, cada um com uma história intrigante a ser desvendada.
A história começa falando de um príncipe que foi amaldiçoado, cabe a você e seu grupo salvá-lo antes que seja tarde demais e esse é seu objetivo principal no começo. Outro elemento interessante da história é que o protagonista carrega consigo um livro que fala de um mundo em que a magia não existe, um mundo que se parece o nosso. O curioso é que esse mundo parece uma fantasia utópica. É curiosa essa inversão, nos fazendo pensar se por acaso o nosso mundo não pareceria fantástico para seres como os que habitam Elyria. Conforme vamos avançando, mais elementos são apresentados e a história fica um pouco mais complexa.
Conclusão
Metaphor ReFantazio inova em diversos aspectos, como o combate que traz as mecânicas de formação e arquétipos, mas deixa um pouco a desejar no quesito história, ainda mais considerando os últimos lançamentos da Atlus que deixaram a barra lá em cima. Porém, o jogo é recomendadíssimo aos fã do gênero de JRPG, mesmo em um ano recheado de títulos, entre Final Fantasies, Personas e Like a Dragons, este possui destaque.
Agradecemos a Atlus pela cópia gentilmente cedida para a realização desta análise.