Prince of Persia: The Lost Crown surge como uma emocionante revelação da Ubisoft, marcando o início do ano com um título de uma das séries mais emblemáticas sob sua égide, uma franquia que desempenhou um papel crucial na formação da identidade atual da empresa. Curiosamente, a série permaneceu inativa nos consoles por mais de 13 anos, com seu último lançamento, Prince of Persia: The Forgotten Sands, datando de 2010.

Durante esse hiato, o Príncipe da Pérsia fez algumas aparições, como no jogo Shadow and The Flame para dispositivos móveis (um remake do clássico Prince of Persia 2 de 1993) e em referências dispersas em jogos de outras franquias, sendo a mais recente em Assassin’s Creed Mirage, onde elementos da série do príncipe, como a adaga do tempo, a espada de areia e a ampulheta, foram incorporados como adereços no jogo.

A Ubisoft, há algum tempo, demonstra interesse em ressuscitar o príncipe nos videogames, o que seria uma notícia bem-vinda, especialmente considerando a queda no interesse pelas franquias carro-chefe como Assassin’s Creed e Far Cry nos últimos anos. Embora um remake de Prince of Persia: The Sands of Time tenha sido anunciado anteriormente, problemas percebidos levaram os desenvolvedores a adiar indefinidamente o lançamento para realizar ajustes necessários. Parecia que o príncipe ficaria ausente por um tempo considerável, até que o inesperado anúncio de The Lost Crown trouxe alegria aos corações dos fãs mais dedicados.

Um Novo Capítulo

No entanto, nem todos os entusiastas de longa data da série receberam o anúncio com entusiasmo. Alguns expressaram preferência pela continuação do remake de The Sands of Time, compreensível, dado que essa é, sem dúvida, a encarnação mais reverenciada do príncipe. Contudo, é crucial recordar que o príncipe, desde sua estreia em 1989, passou por várias metamorfoses. Sands of Time representou o primeiro reinício da série, originada nos computadores Apple II, MS-DOS e posteriormente portada para o Super Nintendo. Após a conclusão da trilogia Sands of Time, houve outro reinício em 2008. Agora, temos uma versão que mescla os melhores elementos dos jogos anteriores com novos aspectos. Em resumo, não é necessário conhecer a história ou o lore dos jogos anteriores para apreciar essa nova jornada.

Na narrativa inédita, o reino da Pérsia é protegido por uma elite autodenominada “imortais”. Quando o príncipe Ghassan é sequestrado, a rainha convoca sete guerreiros imortais para resgatá-lo, levando-os ao místico Monte Qaf, domínio de Simurgh, deus da sabedoria e do tempo, onde eventos misteriosos ocorrem.

Embora esta seja uma nova continuidade, os fãs mais antigos perceberão várias referências ao legado da série. O novo protagonista é Sargon, um dos guerreiros imortais, cuja missão é resgatar o príncipe. Essa ideia remete ao conceito do cancelado Prince of Persia: Assassins, onde o jogador atuaria como guarda-costas do príncipe, servindo de base para o que se tornaria Assassin’s Creed.

O jogo é um side scroller de plataforma 2D, semelhante ao jogo original de 1989, mas agora com elementos de RPG e exploração no estilo metroidvania, popularizados por Metroid e Castlevania nas décadas de 1980 e 1990. Elementos como a poção de cura, arco e flecha para ataques à distância, além da ideia de viagem no tempo, são integrados à narrativa e ao gameplay de maneira única.

Uma Nova Perspectiva

Os desenvolvedores optaram por um estilo cartunesco, animado em cel shading usando a técnica de key frames, uma escolha que difere dos recentes jogos AAA que favorecem a captura de movimentos. O jogo apresenta um mundo vibrante com detalhes notáveis, como a cena de um barco pirata congelado no tempo, destacando-se pela riqueza visual.

No geral, o estilo e a narrativa do novo Prince of Persia lembram um anime shonen. Ao estabelecer a nova mitologia do jogo, é introduzido o conceito de “Athra”, um poder interior que, quando controlado, permite feitos sobre-humanos, assemelhando-se a conceitos encontrados em animes. Esta adição enriquece o lore do jogo, destacando sua conexão com a mística e filosofia orientais.

Os combates do jogo, reminiscentes de animes, são coreografados de maneira envolvente, com movimentos exagerados e elementos como auras de energia, super velocidade, teleporte e cortes fantasmagóricos. A sensação é a de assistir a um anime shonen ambientado na antiga Pérsia após jogar, alimentando a imaginação sobre o que o futuro pode reservar.

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Ubisoft

Melhorando e Avançando

Dado seu formato metroidvania, o jogo enfatiza a exploração, permitindo que o jogador escolha seu caminho até encontrar obstáculos indicando a necessidade de upgrades ou itens-chave para avançar. O modo guiado auxilia na navegação, marcando o próximo objetivo no mapa quando necessário, evitando que os jogadores se percam.

Para progredir no Monte Qaf, o jogador enfrenta desafios de plataforma em cada upgrade, proporcionando sessões cada vez mais desafiadoras. Para os veteranos de metroidvanias, superar esses desafios é parte da experiência, mas para os jogadores casuais, a Ubisoft introduziu um modo de plataforma guiada, tornando o jogo mais acessível.

O combate, uma parte essencial, apresenta nuances que ampliam o interesse do jogo. À medida que o jogador conquista upgrades, novas possibilidades de ataques e combos se desbloqueiam, incentivando o treinamento nos desafios disponíveis no refúgio, local central para aprimoramentos.

O Refúgio é visitado com frequência, permitindo melhorias em armas, poções e aquisição de itens como amuletos mágicos. Estes amuletos, comprados ou encontrados, conferem resistência adicional, novas opções de ataques ou vida extra. Cristais e moedas de Xerxes, obtidos em desafios de plataforma e combates, são usados para comprar mercadorias e aprimoramentos.

A árvore wayku, que serve como checkpoint, também abriga os poderes de athra, desencadeados durante o combate com a barra cheia. A mecânica, semelhante a jogos hack n’ slash, recompensa jogadores que evitam dano.

Impressionante é a variedade de inimigos, com lutas contra chefes oferecendo desafios únicos que exigem criatividade na abordagem. A trilha sonora, inspirada na música clássica do Oriente Médio, e o design de som excepcional amplificam a experiência de exploração e combate.

O jogo também inclui nove sidequests, não essenciais, mas que enriquecem a história principal e incentivam a exploração. Ao longo do caminho, o protagonista, Sargon, interage com personagens curiosos, como a jovem Fariha e a maga anciã, adicionando profundidade ao enredo.

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Conclusão

Após mais de uma década de ausência, Prince of Persia retorna triunfantemente com The Lost Crown, um excelente metroidvania que cativará tanto os fãs da série quanto os entusiastas do gênero. Com animação soberba, combate frenético e plataformas criativas, a Ubisoft entrega um dos seus melhores jogos da última década. Este renascimento sugere um futuro promissor para a Ubisoft, mostrando sua capacidade de oferecer jogos de alta qualidade com inovação, além das franquias consagradas. Prince of Persia: The Lost Crown é, sem dúvida, o prelúdio de um capítulo promissor na indústria de games.

Agradecemos a Ubisoft pela cópia gentilmente cedida para a análise.

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