Review | The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered traz proposta única que honra legado da Bethesda

Oblivion, o clássico dos RPGs de mundo aberto, continua a ser uma referência. Mergulhe nas razões de seu status lendário.
Review | The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered traz proposta única que honra legado da Bethesda Review | The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered traz proposta única que honra legado da Bethesda
Bethesda

Para uma infinidade de jogadores, The Elder Scrolls IV: Oblivion foi a experiência definitiva de RPGs de mundo aberto ao experimentarem o título pela primeira vez em 2006. Eu, ainda novo e sem possuir consoles, pulei essa geração e só fui ter contato com a franquia em 2011 com Skyrim que conseguiu replicar a fascinação pela saga para uma outra geração de gamers. 

Por mais que anos depois eu tenha tentado jogar Oblivion, a idade funcional e gráfica do jogo não me atraíram tanto quanto o de seu sucessor e acabei deixando o título de lado, mas a curiosidade sempre se manteve, afinal há um status tremendo dentro do gênero do RPG que é sensação até hoje. 

Agora em 2025, de modo totalmente inesperado, a Bethesda e a Xbox lançam a remasterização completa de Oblivion, trazendo avanços gráficos espetaculares da Unreal Engine 5 e algumas modernizações de controles que eram bastante necessárias. O resultado? Simplesmente único.

Hora de salvar Tamriel de novo

Em termos de narrativa, há um consenso claro que a história principal de Oblivion é a mais fraca quando comparada à de Morrowind e Skyrim, ainda assim, há muito para ser visto e ser surpreendido. O jogo apresenta seu herói protagonista preso nas masmorras da Cidade Imperial de Cyrodiil, até ser surpreendido pelo próprio imperador Uriel Septim VII que o reconhece por conta de sonhos premonitórios. 

Acompanhando o imperador nos esgotos da cidade, o jogador testemunha o assassinato de Uriel que não deixa herdeiros legítimos para a sucessão do trono, desfazendo um pacto de proteção à Tamriel e permitindo que os portais de Oblivion comece a pipocar por todo o mundo, trazendo consigo demônios (Daedras) e destruição.

Para impedir o fim do mundo, o heroi terá que encontrar o filho ilegítimo de Uriel e conduzí-lo ao trono para garantir que a paz reine novamente em Tamriel. Conseguindo sustentar a narrativa inteira, as quests, já obviamente datadas de concepção, envolvem o jogador realizar muitas buscas e, depois, mais buscas ainda. Felizmente, o mundo de Cyrodiil é bastante convidativo e repleto de narrativas bizarras para o jogador se distrair por uma infinidade de horas.

Já nos minutos iniciais, nota-se que a Virtuos, estúdio responsável pelo remaster, conseguiu retrabalhar muitos elementos originais, mas sempre tentando preservar a essência bizarra do jogo original. O criador de personagem já é o primeiro exemplo disso, conseguindo criar as maiores atrocidades possíveis, bem como, pela primeira vez, entregar um resultado razoável para o avatar do jogador. 

LEIA TAMBÉM  Novo update do Windows causa problemas em diversos games da Ubisoft

Esse padrão de entrega é mantido ao longo do jogo inteiro e tem um motivo bastante inteligente para acontecer. Por algum milagre de codificação, a Virtuos conseguiu fazer o remaster funcionar sob duas engines: a original Creation que a Bethesda usa até hoje em outros games para a lógica do jogo e, por cima, a UE 5 para modernizar o visual do título. 

Então, de fato, é mesmo o Oblivion original que somos convidados a jogar, só que com uma carroceria completamente nova e atual. A decisão é acertada por preservar todas as maluquices da Creation no gerenciamento de NPCs e na sua completa imprevisibilidade da IA, resultando em momentos muito engraçados ao longo do jogo.

Há um carinho pelos bugs tradicionais que só a Bethesda podia oferecer e de fato eles permanecem aqui. As mudanças na jogabilidade são sutis e às vezes, podem causar estranhamento pelo fato de ser um título de 2006 que estamos jogando. Por exemplo, a densidade populacional das cidades é razoável, mas muito longe de qualquer padrão da indústria atual, bem como a inteligência artificial dos inimigos que só disparam em direção à morte certa. O mesmo ocorre com o game design que é repleto de missões envolvendo buscar três itens ou alguma variação disso para conseguir progredir na história. É datado e cansativo para os padrões de hoje, mas com certeza existem fãs desse formato.

Até mesmo as gravações originais dos diálogos foram preservadas, incluindo a do meme histórico da NPC que pede para refazer a linha de texto. São detalhes que os desenvolvedores sabiam que os fãs iriam apreciar e, de fato, isso aconteceu, já que o remaster se tornou um fenômeno mundial já acumulando mais de 4 milhões de jogadores, incluindo quase 200 mil jogadores simultâneos na Steam. 

The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered já está disponível – uma revolução gráfica e jogabilidade aprimorada
Bethesda

Renovado e preservado

A Virtuos realmente conseguiu resultados expressivos diante de tantos remasters recentes que deixaram a desejar em muitos níveis, como, por exemplo, o da trilogia original de GTA. Novas animações foram trabalhadas, até mesmo conseguindo aplicar uma física de reação à dano nos NPCs inimigos. Claro, o combate é muito simples e nada parecido com o resultado obtido hoje em jogos como Avowed, mas está melhor que no jogo original que era basicamente jogar a espada de um lado para o outro. 

LEIA TAMBÉM  Oblivion Remastered estreia como o 3º jogo mais vendido de 2025 nos EUA, superando expectativas

A iluminação foi inteiramente retrabalhada, aproveitando ao máximo o Lúmen da UE 5, assim como os efeitos ray tracing – menos nos reflexos que estão com problemas sérios no SSR. Luz e sombras reagem a tempo real em masmorras, no lançamento de feitiços brilhantes e no tremeluzir das chamas das tochas. 

O sentimento de imersão é alto por conta desse trabalho fantástico de luzes e sombras, mesmo que haja um excesso no uso de filtros sépia que tornam a paleta, outrora vibrante, um tanto monocromática nas paisagens agora amarronzadas. Todas as texturas também receberam um vasto upgrade, não só nos NPCs que também trazem animações faciais e sincronização labial, mas nos inimigos, itens diversos, armas e armaduras. 

O único ponto um tanto esquisito é a animação de correr, de resto, tudo funciona como deve. Entretanto, é uma pena que a Virtuos não tenha feito algumas alterações de qualidade de vida que eram muito necessárias, como o sistema de progressão horroroso do jogo que te pune conforme você sobe de nível. 

Todos os inimigos são equivalentes ao seu nível, então nunca há uma sensação de progresso, além de alguns dos oponentes mais fáceis sumirem do mapa depois de uma quantidade considerável de progresso. Em algumas horas, de fácil, o jogo começa a ser um verdadeiro desafio de sobrevivência – e isso, obviamente, é muito piorado no nível mais difícil do jogo que exagera também na quantia exuberante de vida de todos inimigos, até mesmo do rato. 

Claro, há sim mods para resolver isso, mas para os jogadores de Xbox e PS5, o desafio será permanente até a Virtuos decidir resolver isso em um patch. Outro ponto que mostra também certo anacronismo do jogo é a quantidade massiva de telas de carregamento. Sendo essa uma limitação da Creation a ponto de afetar até mesmo Starfield, último RPG da Bethesda, é compreensível que o estúdio do remaster não tenha conseguido resolver o problema, mas ainda assim é um elemento cansativo. Felizmente, agora é possível colocar alguns pontos de atributo ao dormir para subir de nível. Dessa vez, todos são muito mais claros sobre o efeito que eles têm na jogatina.

Como já se espera quando a presença da Unreal 5 é notada, é evidente que Oblivion Remastered se trata de um jogo bastante exigente para apresentar seu potencial gráfico ao máximo. Não é possível jogar tudo na culpa da “má otimização” nesse caso, já que a Unreal 5 já ficou conhecida por ser problemática após diversos jogos sofrerem nas mãos da engine repleta de problemas de travamentos e engasgos. 

LEIA TAMBÉM  The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered já está disponível – uma revolução gráfica e jogabilidade aprimorada

Ainda que aqui não haja tantos problemas de travamentos, o frametime é bastante irregular, causando uma flutuação nítida nos FPS, mas felizmente há DLSS e geradores de frames para mitigar os problemas enfrentados. Também encontrei alguns crashes envolvendo a Unreal, mas nada que fosse realmente muito preocupante. 

Logo, se não quer se estressar com problemas de otimização ou fazer muitos ajustes no PC, a versão tradicionalmente recomendada para o jogo é a de PlayStation 5 Pro, ainda que também tenha problemas técnicos. 

Para uma nova geração de jogadores

Não está fácil tanto ser um consumidor quanto um fornecedor quando se trata do mercado gamer. Uma enxurrada de títulos disputam o dinheiro do jogador que se vê obrigado a pagar custos ainda maiores para garantir algumas boas horas de entretenimento. Chegando a um preço mais razoável que o da maioria, The Elder Scrolls IV: Oblivion é uma oportunidade perfeita para revisitar ou descobrir um clássico praticamente refeito. 

O jogo está mais bonito do que nunca, seu combate está próximo à experiência de Skyrim, há inúmeras quests para se realizar, além de descobrir uma das melhores DLCs da história da Bethesda: a expansão Shivering Isles, de longe a melhor coisa do título. Então, de fato não há nada aqui que seja um mal negócio. 

Em um lance de marketing genial, a Bethesda conseguiu relembrar as pessoas de que é mesmo um estúdio relevante que já entregou as maiores joias a figurar na coroa da história da indústria. O lançamento se trata de um bom alívio na credibilidade do estúdio que só vem apanhando desde Starfield que sofreu na mão das críticas dos jogadores – não por ser ruim, mas apenas medíocre segundo as reclamações. 

Com essa oportunidade, Cyrodiil se trata de um destino praticamente obrigatório para jogadores novatos e veteranos. Mais uma vez é hora de dedicar centenas de horas explorando os mistérios e surpresas de Tamriel. 

Agradecemos à Bethesda pela cópia gentilmente cedida para a realização desta análise.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

Ler posts desse autor