O lançamento de The Last of Us Part I no PC foi bastante traumático para os consumidores e também para a PlayStation. Em março de 2023, acompanhado da série da HBO, o jogo foi lançado em estado técnico bastante precário sofrendo com uso exagerado de CPU e má otimização dos gráficos. Até mesmo hoje, apesar de muito melhor condicionado que no lançamento, o título enfrenta críticas pelo estado técnico.
Logo, havia um temor claro que a sequência, The Last of Us Part II Remastered, sofresse do mesmíssimo mal do remake original no PC, afinal, muitos presumiram que a Iron Galaxy teria realizado o port por motivos contratuais. Felizmente, para a surpresa de muitos, a Nixxes foi responsável em trazer o grande game ao PC e o entregou com uma qualidade de lançamento significativamente superior ao lançamento de 2023.
Recursos de montão no fim do mundo
Como de costume, as maiores vantagens do PC em relação às versões do PlayStation 5 são as novidades integradas para melhor apresentação. Apesar de não trazer recursos exclusivos como ray tracing e texturas aprimoradas, The Last of Us Part II Remastered conta com os recursos de DLSS 3, FSR 3 e XeSS, também entregando o recurso de geração de quadros para conferir maior fluidez no frametime do jogo.
Ao contrário do jogo anterior, a Nixxes aqui consegue entregar uma performance bastante aceitável para PCs mid-end munidos de uma RTX 3080 e processadores simples como o AMD 5600x entregando 60fps estáveis na maior parte do tempo no preset gráfico mais alto com DLSS em qualidade em 4K. Isso no lançamento da Parte 1 em 2023 era praticamente impossível, sendo que até uma 4070Ti mal conseguia manter quadros acima de 80 fps com DLSS em qualidade.
Ou seja, problemas de otimização não afetaram o jogo que roda bem em PCs intermediários apresentando uma experiência visual equivalente ou melhor a do PlayStation 5. Quem já conhece o jogo, sabe que um trecho apenas poderia apresentar problemas ou queda de performance e, assim como esperado, de fato isso ocorre.
Logo no começo do nível de Seattle com a Ellie, explorando o bolsão de mapa aberto, a performance sofre significativamente, oscilando entre 80 a 104 fps em uma 4090, DLSS equilibrado e com frame gen 2x. Sendo uma área complexa, é compreensível a queda de performance que até mesmo chega a gerar alguns breves congelamentos. Não se sabe quanto tempo a Nixxes teve para preparar o port, mas há espaço para melhorias futuras. Depois, quando o jogo assume uma postura 100% linear, os quadros ficam muito mais estáveis, assim como o jogo como um todo.
Aliás, falando em congelamentos e engasgos no framerate, é curioso que a Nixxes decidiu fazer uma compilação assíncrona de shaders (sombreadores), divergindo da decisão da Iron Galaxy para o remake do original – nele, a compilação de shaders ocorria na inicialização do jogo, chegando a durar até meia hora de processamento para finalizar a tarefa.
Por conta disso, não há muita demora para jogar The Last of Us Part II Remastered no PC, mas ao mesmo tempo, os engasgos por compilação de shaders simultâneos à jogatina são notados e um pouco frequentes. Não é algo que vá acabar com sua diversão, mas pode ocasionar em alguns sustos e prejudicar a gameplay em dificuldades mais altas.
Talvez, em futuros updates, a Nixxes consiga mitigar os problemas. Fora isso, há raros problemas de texturas que parecem não carregar direito ou que sofrem com bugs. Na minha experiência com o jogo, não vi nenhum crash ocorrer – o que já é ótimo.

Refinamentos finos
Já tem algum tempo que a PlayStation visa garantir que a versão de PC não destoe graficamente em excesso das versões do PS5. Com The Last of Us Part II Remastered isso acontece mais uma vez. Não espere que as texturas do jogo tenham sido retrabalhadas porque, de fato, não foram, assim como a iluminação.
Os aprimoramentos visuais são muito sutis focando em sombras mais suaves em modelos e cenário, melhor definição de luzes rebatidas e maior nível de detalhes renderizados à distância. Deixa o visual do jogo muito mais estável e praticamente sem qualquer pop-in perceptível, além de deixar os horizontes já muito bonitos ainda melhores.
Mas é algo que você só irá notar se comparar as versões lado a lado – assim como o uso do DLAA que mitiga muitos artefatos visuais em folhagens e cabelo.
Os maiores destaques ficam mesmo na possibilidade de jogar o game a fps altos, na renderização ultrawide cinematográfica e brincar com as muitas opções de presets gráficos que a Nixxes sempre dispõe em seus ports. De resto, a experiência será muito similar à vista no PS5. Mas não duvido que em breve algum modder se dê o trabalho de fazer um upgrade sério nas texturas e iluminação global do jogo. Só o tempo dirá.

Visceral e polêmico como sempre
Já tive a oportunidade de analisar The Last of Us Part II Remastered no PlayStation 5 que você pode ler aqui – incluindo a novidade do modo roguelike Sem Volta que nessa versão traz mais dois novos personagens. Repetir pela terceira vez meus pensamentos sobre o jogo é uma tarefa inglória, afinal o foco é falar mesmo da versão de PC que é sim excelente, passando longe da polêmica recente envolvendo o lançamento complicado de Marvel’s Spider-Man 2.
The Last of Us Part II Remastered ainda é uma experiência única, nada no mercado é similar ao que o jogo te propõe no papel de jogador. Amando ou odiando, é um game histórico que merece ser jogado em sua integralidade. A jogabilidade é muito gostosa, o level design continua soberbo mesmo após tantos anos e os momentos assustadores seguem cumprindo a atmosfera densa do jogo. A história é uma questão de gosto.
Admito que na época do lançamento original no PS4 não foi uma experiência agradável, mas foi um jogo que me impactou por dias. Anos depois, revisitando no Remastered, entendi melhor sua proposta e aprendi a aproveitar mais meu tempo com uma Ellie trágica e uma Abby em redenção. Há falhas na lógica do argumento na mensagem final do jogo que continuará dividindo por décadas a fio, mas ainda assim se trata de uma baita obra de arte.
Agradecemos à PlayStation Brasil pela cópia generosamente cedida para a realização desta análise.