Após mais de uma década e oito filmes como a Viúva Negra, Scarlett Johansson compartilhou uma visão franca e rara sobre os desafios de atuar dentro da gigantesca máquina do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Em uma conversa com seu colega de “Viúva Negra”, David Harbour, para a Interview Magazine, a atriz revelou como, em filmes com elencos muito grandes, seu trabalho podia se tornar frustrante, e também esclareceu por que pediu para ter seu nome removido como produtora executiva do novo filme da Marvel, “Thunderbolts*”.
“Um instrumento para mover a trama”
Johansson, que se despediu de sua icônica personagem Natasha Romanoff no filme solo de 2021, explicou que a profundidade de seu envolvimento variava drasticamente de um filme para o outro. Ela contrastou sua experiência em “Capitão América: O Soldado Invernal”, onde a dinâmica com o Capitão América de Chris Evans era central, com outros filmes de equipe.
“Em alguns dos outros filmes, o elenco era tão grande e havia tanta trama para servir que você começa a se sentir como um instrumento para movê-lo”, admitiu a atriz. “E se você se compromete a cinco meses e meio disso, é tipo: ‘Ok. Não consigo pintar as unhas, não consigo cortar o cabelo’. Parecem problemas bobos, mas sua identidade está ligada a esse trabalho por muito tempo, e se você não está fazendo um trabalho envolvente como ator, às vezes se sente um pouco cauteloso.”
O peso de interpretar o mesmo personagem por uma década
David Harbour, que interpreta o Guardião Vermelho (Alexei Shostakov) no MCU e é o protagonista de “Thunderbolts*”, ecoou o sentimento de Johansson. Ele traçou um paralelo com sua experiência de quase dez anos como o xerife Jim Hopper na série “Stranger Things”, da Netflix, cuja temporada final estreia ainda este ano.
“Quando comecei, adorei”, explicou Harbour sobre interpretar Hopper. “Amigos meus que trabalharam em séries de TV por muitos anos diziam: ‘Na terceira ou quarta temporada você estará no comando’. E eu respondia: ‘Nunca! Eu amo tanto todos esses caras’”. No entanto, ele admitiu que a repetição se torna um desafio. “E aí você chega a um ponto em que pensa: ‘Quanta história ainda tem?’ Você precisa repetir a mesma coisa, e surge a sensação de que você pensa: ‘Quero arriscar. Quero fazer algo que as pessoas nunca me viram fazer antes’.”
A remoção do crédito de “Thunderbolts*”
Durante a conversa, Harbour parabenizou Johansson, de forma bem-humorada, por ser produtora executiva de “Thunderbolts*”, um filme que dá continuidade ao legado de sua personagem, já que a equipe é liderada por sua “irmã” na ficção, Yelena Belova (Florence Pugh). No entanto, Johansson esclareceu a situação.
“Eu pedi para remover meus créditos porque não estava envolvida”, afirmou. A revelação surpreende, já que seu nome constava em materiais de divulgação iniciais. A decisão indica que sua inclusão como produtora era provavelmente uma formalidade contratual, e, por não ter participado ativamente do processo criativo, ela optou por retirar seu nome para manter a integridade de seus créditos.
“Thunderbolts*”, que já está nos cinemas, reúne um time de anti-heróis e personagens secundários do MCU, incluindo, além de Harbour e Pugh, Sebastian Stan (Soldado Invernal), Julia Louis-Dreyfus (Valentina Allegra de Fontaine) e Wyatt Russell (Agente Americano). A conversa entre Johansson e Harbour oferece um olhar sincero sobre o desgaste e as complexidades de se fazer parte de franquias tão duradouras, mesmo para os maiores astros de Hollywood.